Quão efetivo é o “renascimento” dos emergentes?

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Al Abbasi, Flickr, Creative Commons

Todos os acontecimentos à volta dos mercados emergentes no início do ano deixaram os investidores apreensivos em relação a estes países. Mas os últimos meses demonstram uma espécie de volte face. “O sentimento em relação à dívida dos mercados emergentes tem melhorado consideravelmente nos últimos tempos”, pode ler-se no último Marketexpress, do ING Investment Management. A entidade salienta que "as obrigações em moeda forte foram as que beneficiaram mais, enquanto os investidores continuam receosos em entrar nos mercados de dívida em moeda local”. 

A relativa calma na dívida dos mercados emergentes, a negociação numa escala apertada para as yields dos títulos norte-americanos e o forte declínio nas yields das obrigações da zona euro foram factores favoráveis que ajudaram a criar “um ambiente benigno para os mercados emergentes”. O grande “apogeu” para a moeda dos emergentes, aconteceu, segundo a entidade, entre dia 20 de março e 9 de abril. “Nessas semanas as moedas dos  emergentes conseguiram recuperar o que perderam no início do ano”, assinalam, dizendo que ainda assim “não foi nada de espetacular”. 

Separar trigo do joio 

Para a gestora há que distinguir a diferente performance entre a dívida de mercados emergentes em moeda local e em moeda forte. Olhando para os fluxos dos fundos de investimento, o ING observa que “as entradas de dinheiro em moeda forte recuperaram muito mais do que em moeda local”. Em sentido contrário “os fundos de emergentes em moeda local não registaram inflows significativos nos últimos meses; o que aconteceu foi um estancamento nas saídas de dinheiro”. 

Porquê?

A maioria dos mercados emergentes continuam a abrandar, sem perspetivas de crescimento a longo prazo. Por isso, “os investidores continuam relutantes em comprar dívida em moeda local”. A moeda forte, por outro lado, permite que os investidores não se tenham de preocupar com o crescimento dos mercados emergentes ou com o assunto da competitividade”, indicam. 

Posicionamento da entidade

A principal razão para o ING ter melhorado a sua posição em mercados emergentes de “underweight” para “neutral” em março, foi precisamente  a melhoria global no contexto destes mercados. No entanto, para entidade, os fundamentais desafiantes aliados ao elevado risco chinês continuam a justificar uma tendência de estratégia negativa no que concerne aos ativos dos emergentes. 

Hard landing chinês ganha força

Mais especificamente sobre a China, no documento podem ler-se mais algumas palavras. “Nos últimos meses o risco de um hard landing na China aumentou. O crescimento abrandou severamente no primeiro trimestre do ano, alcançando uma taxa de crescimento anualizada de cerca de 6%”.