Qual a importância de uma gestão ativa nos fundos de ações nacionais nos últimos cinco anos?

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Richard Hall LRPS, Flickr, Creative Commons

Nos últimos cinco anos, utilizando uma expressão bem portuguesa, “muita água correu debaixo do moinho” nos mercado financeiros mundiais, com Portugal a não fugir à regra. Os dados da CMVM mostram que na última mão cheia de anos o investimento dos fundos de investimento nacionais em cotadas portuguesas caiu cerca de dois terços para um valor pouco superior a 200 milhões de euros.

No período em análise, o PSI-20 apresenta uma desvalorização de cerca de 21%, mesmo incluindo os dividendos. Com estes valores, torna-se essencial que exista uma gestão (muito) ativa por parte dos gestores, aproveitando da melhor maneira oportunidades de investimento que vão aparecendo. Só através desta gestão ativa é que foi possível aos fundos nacionais apresentarem melhores resultados do que o índice nacional. Nos resultados dos fundos nacionais (na tabela abaixo), “comprova-se a importância de uma gestão activa nos fundos de ações nacionais e o seu benefício para a rentabilidade obtida no investimento em ações portuguesas. A proximidade com o universo de investimento, ou seja, com as empresas portuguesas e o acesso a variadas fontes de informação permitem à gestão construir carteiras relativamente concentradas em apostas chave, acrescentando valor face a uma estratégia passiva de replicação de índice”, explica Catarina Quaresma Ferreira, gestora do BPI Portugal da BPI Gestão de Activos.

Para Hugo Custódio, responsável da GNB Gestão de Ativos pelo fundo NB Portugal Ações, “a importância de uma gestão ativa é enorme. E os gestores nacionais têm provado consistentemente a sua qualidade. Quase todos os fundos nacionais conseguiram evitar quedas tão expressivas. O know-how acumulado e a proximidade com as empresas e analistas nacionais é determinante”.

Opinião similar tem Nuno Marques, gestor do IMGA Ações Portugal da IM Gestão de Ativos, que refere que a “gestão ativa em produtos focados em ações portuguesas é um fator diferenciador, conseguindo com esse estilo de gestão, no período em causa, resultados substancialmente melhores do que o seu índice de referência, o PSI-20. Num período de elevada incerteza e volatilidade, onde o retorno das diversas ações que fazem parte do PSI-20 é muito díspar e descorrelacionado, o trabalho da gestão ativa e profissional ganha um relevo adicional, conseguindo maximizar ganhos e evitar quedas mais fortes”.

Na Santander Asset Management sempre defendemos a criação de valor que existe, a longo prazo, na gestão ativa dos fundos de investimento”, refere Diogo Pimentel que gere o produto Santander Acções Portugal. Já Miguel Moedas, gestor do Banif Acções Portugal da Banif Gestão de Activos, explicita que a “liberdade que a gestão ativa consente na escolha das melhores empresas contribuiu largamente para que os fundos de ações nacionais obtivessem melhores rendibilidades quando comparados com o seu benchmark. O facto de o mercado português ser caracterizado por uma reduzida liquidez da maioria dos títulos e sem cobertura relevante de casas de research internacionais (exceptuando alguns casos específicos) são condições que aumentam a probabilidade de criação de valor através da gestão activa dos profissionais nacionais”.

Os fundos de ações nacionais nos últimos cinco anos

Fundo Gestora Rendibilidade anualizada 5 anos (%)
BPI Portugal BPI Gestão de Activos 0,158
Banif Acções Portugal Banif Gestão de Activos -0,140
IMGA Ações Portugal IM Gestão de Ativos -1,358
Santander Acções Portugal Santander Asset Management -1,562
NB Portugal Ações GNB Gestão de Ativos -1,967
Caixagest Acções Portugal Caixagest -2,887
Fonte: APFIPP no final de janeiro