Problemas atuais e perspetivas do setor imobiliário

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MegMoggington, Flikcr, Creative Commons

Num país com um elevado endividamento, um nível de poupança reduzido, uma elevada percentagem de proprietários no segmento residencial, um mercado de arrendamento pequeno e com limitações de crescimento, um mercado em que faltam novos projetos apesar da dinâmica na reabilitação e em que a justiça é geralmente lenta na resolução de problemas entre proprietários e arrendatários devedores, é imperativo continuar com as reformas para se ganhar competitividade.

O setor imobiliário tem um peso importante na economia portuguesa, dada a relação com diversos setores, quer a jusante como a montante. O setor foi dos que mais sofreu com o resgate do país e com o consequente programa de ajustamento da economia.

Para que a dinâmica do setor continue, especialmente nos segmentos residencial, centros comerciais e escritórios e que se possa estender a outros segmentos como o industrial (parente pobre neste ciclo de recuperação), é necessário criar condições para atrair investimento de forma sustentada e duradoura e não apenas de curto prazo.

A estabilidade do quadro fiscal é uma das condições fundamentais para o setor (e não só!). Portugal tem um IRC mais elevado que outros países europeus, o IMT sofreu nos últimos anos um agravamento e o IMI tem taxas elevadas. Para completar este cenário, o OE 2017 trouxe uma surpresa negativa, com a criação de mais um imposto sobre o património imobiliário.

Uma menor intervenção do Estado fará com que o setor ganhe em termos de auto - regulação. Menos Estado não significa necessariamente pior Estado. A função do Estado em propiciar boas condições para o desenvolvimento económico e em assegurar o cumprimento das regras para uma boa governance no setor são outra das condições essenciais.

A formação dos diferentes intervenientes no setor imobiliário é crucial. Existem diferenças na prestação de serviços entre mediadoras, mas estas devem ser reduzidas com ações formativas, isto numa época em que são criadas numerosas sociedades de mediação imobiliária e recrutados profissionais, muitos deles ex-bancários, devido à situação negativa que a banca atravessa e aos despedimentos que têm acontecido.

A abundante liquidez conjugada com a reduzida rendibilidade das alternativas de investimento de baixo risco, tem levado os aforradores a direcionarem-se gradualmente para o setor imobiliário, tendo como consequência um rápido crescimento dos preços dos ativos imobiliários, sobretudo no centro das grandes cidades (zonas prime e bairros históricos) e no Algarve.

A procura de imóveis por investidores internacionais tem aumentado, uma vez que as yields em Portugal são interessantes quando comparadas com as de outros países europeus. No entanto, estima-se que as yields continuem a baixar até um patamar que se traduza numa desejável estabilização.

Apesar de a taxa de disponibilidade de escritórios na Expo ser muito baixa, o mesmo não se passa noutras zonas de Lisboa e de outras cidades portuguesas. O dinamismo económico não é significativo, pelo que, continuará a haver nos próximos tempos um excesso genérico de espaços para escritórios, o que provocará uma estabilização das rendas, com exceção naturalmente das zonas com maior procura.