Primeiros danos colaterais do Brexit: Standard Life, M&G e Aviva Investors congelam os seus fundos de real estate

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Images_of_Money, Flickr, Creative Commons

Duas semanas depois dos cidadãos britânicos votarem a favor da saída da União Europeia (UE), a crise deixa de ser exclusivamente política para começar a criar as suas primeiras vítimas financeiras. Os alarmes soaram recentemente depois da Standard Life Investments (SLI), a Aviva Investors e a M&G Investments darem conta da suspensão temporária dos resgates dos seus respetivos fundos de ativos imobiliários britânicos para evitar a avalanche de resgates depois do Brexit. Para muitos atores de mercado, esta decisão trouxe ao de cima os fantasmas de 2007.

O  congelamento do Standard Life Investments UK Real Estate Fund, um fundo que investe de forma direta principalmente em real estate comercial (escritórios, indústria, retalhistas), tornou-se efectiva às 12:00 do passado dia 4 de julho. É um fundo com formato OEIC (não disponível dentro da SLI Global Sicav e sem formato UCITS). A entidade indicou que todos os pedidos recebidos depois dessa data serão sujeitos a provisões de suspensão, uma opção que está especificada no prospecto do fundo. “Temos presenciado recentemente a redução por parte de alguns investidores das suas alocações à classe de ativos, levando a um aumento generalizado de saídas de dinheiro dos fundos de real estate em geral. Estes pedidos de resgates aconteceram através da liquidez residual em carteira”, afirmaram em comunicado os representantes da SLI.

A gestora escocesa justifica estes fluxos de saída depois do Brexit: “O resultado do referendo sobre a UE tem implicações significativas em todos os mercados financeiros em geral. O aumento resultante da incerteza em torno do impacto para o mercado imobiliário comercial no Reino Unido tem levado a um aumento dos pedidos de resgate. Em circunstâncias como esta, pode ser necessário introduzir certos controlos sobre o programa de vendas de ativos para cumprir os pedidos de reembolso”. Da entidade justificam a decisão da seguinte maneira: “Embora não seja uma prática habitual a suspensão dos resgates do fundo, acreditamos que esta decisão reflete um período de circunstâncias excepcionais do mercado. A suspensão terminará quando for possível, e será revista formalmente pelo menos a cada 28 dias”.

Segundo explica a Bloomberg, a Aviva Investors decidiu suspender os resgates do Aviva Investors Property Trust devido “à falta de liquidez imediata”. “Temos atuado para salvaguardar os interesses de todos os nossos investidores ao suspender os pedidos de resgate com efeito imediato”, comentam em comunicado. Da Aviva Investors comunicaram no passado dia 16 de junho que foram obrigados a baixar as expectativas de retorno para este mesmo fundo de 8,7% para 6,6% em 2016, e até 5,1% anual entre 2016 e 2020. Richard Levis, analista de real estate global da entidade, declarou que os retornos totais do real estate britânico tinham perdido momento ao longo do trimestre do ano, até ao ponto de registarem o retorno mais baixo desde 2012. “Os volumes de transação no  primeiro trimestre caíram para cerca de um terço do valor em termos interanuais, até aos 13.500 milhões de libras”, acrescentou Levis.

De acordo com a Bloomberg, estão a aparecer previsões entre a indústria de que o valor dos escritórios em Londres poderá cair até cerca de 20% nos três anos seguintes à saída do Reino Unido da UE. Cumprindo-se as previsões, poderá ser declarado o rebentar da bolha imobiliária que assolou Londres nos últimos anos.

A juntar-se a este lote esteve a M&G Investments. A Investment Week publica que a gestora suspendeu com efeito imediato os resgates do M&G Property  e do seu fundo feeder. “Os resgates do fundo subiram muito por causa dos elevados níveis de incerteza no sector imobiliário comercial do Reino Unido desde o resultado do referendo sobre a permanência na UE. Os resgates alcançaram agora um ponto em que a M&G acredita que o melhor para proteger os participantes do fundo é aplicar uma suspensão temporal das ordens”, dizem em comunicado da entidade.