Preços baixos do petróleo podem produzir vencedores e vencidos

Koesterich
Cedido

No seu resumo sobre a semana passada, Russ Koesterich, diretor de estratégias de investimento na BlackRock, debruçou-se sobre a subida do dólar e as suas consequências para o petróleo e as transações que decorrem entre produtores e consumidores.

Para sustentar a ideia do dólar forte e as suas consequências, o especialista da BlackRock começar por conjugar os últimos dados económicos conhecidos nos EUA, como por exemplo dados do emprego, à subida das ações norte-americanas pós resultado das eleições intercalares realizadas no país. “O crescimento da economia está a ajudar o dólar e as ações, sugerindo que a FED deverá começar a normalizar a sua política monetária”, afirma.

“Os recentes dados confirmam a nossa visão de que a FED vai começar a aumentar as taxas de juro de curto prazo no próximo ano. Esta expectativa de subida ajuda a explicar a força recente da divida norte-americana, estando neste momento a negociar ao melhor nível desde o verão de 2010. Neste momento, continuamos a pensar que as ações e o dólar vão continuar a subir”, continua.

Dólar a subir...preços do petróleo a descer

A atual política monetária está a trazer os preços do petróleo para baixo, o que pode ser bom ou mau, consoante o país.

“Um dólar mais forte tem outra consequência que talvez não seja muito conhecida: auxiliar na descida dos preços das commodities e do petróleo”, refere Russ Koesterich. 

Na semana passada o valor de referência do petróleo dos EUA, no West Texas Intermediate (WTI), atingiu o valor mais baixo desde 2009. “O último catalisador foi a notícia de que a Arábia Saudita cortou os preços para os Estados Unidos. No final da semana passada sugeriram que a OPEP poderia estar disposta a deixar cair os preços para os 70 dólares por barril, antes de tomar qualquer medida de produção”, revela o especialista da BlackRock.

Beneficiados e prejudicados

Entre os mais beneficiados e os mais prejudicados com estas mudanças, a Índia surge à cabeça dos mais beneficiados. “A Índia importa cerca de 85% do petróleo que utiliza. Esta diminuição dos preços ajuda a reduzir, de forma drástica, a taxa de inflação (que está nos 6,5%) e, dados os grandes subsídios do Estado para o sector enérgico, ajuda a posição fiscal do país. Estas mudanças, juntamente com a recente forma demonstrada pela China e pelo Japão, confirmam a nossa visão de que os investidores devem considerar as ações asiáticas”, sublinha.

Do lado dos produtores, esta descida não é bem-vinda. Para Russ Koesterich, “o caos pode ficar instalado em países como a Venezuela e a Rússia”.