Petróleo requer atenção: poderá determinar o anúncio de mais estímulos por parte do BCE

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A guy with A camera, Flickr, Creative Commons

Faz aproximadamente um ano por esta altura que Tanguy Le Saout, responsável de obrigações europeias da Pioneer Investements, previa que iria ser posto em marcha o programa de aquisição de ativos do BCE apoiando-se em três indicadores: decepcionantes dados económicos, capacidade para a expansão do balanço da autoridade monetária e as expectativas de inflação. O especialista volta a recorrer a este último elemento para prever, um ano depois, que Draghi anunciará mais estímulos em 2016. 

O argumento de Le Saout parte da evolução do preço do petróleo, que recentemente tocou mínimos de mais de uma década, apesar dos factores fundamentais (excesso de procura, manutenção do ritmo de produção da OPEP, preocupação pelo crescimento global). “Teoricamente deverá ser bom para a economia global; contas feitas, existem muito mais consumidores de petróleo a nível global do que produtores, e os preços mais baixos atuam como um impulso para os rendimentos dos consumidores. Mas tente dizer isso ao presidente do BCE, Mario Draghi, que agora enfrenta a incómoda posição de ter, provavelmente, que rever em baixa as previsões da inflação para 2016 e 2017 na reunião do BCE de março”, explica o gestor.

Le Saout recorda que, na reunião da entidade, celebrada em março, foi previsto que a inflação na Europa seria de uma média de cerca de 1% em 2016, e de 1,6% em 2017... mas os dados oficiais do mês de dezembro publicados posteriormente revelaram que o custo de vida se situou em apenas 0,2% no ano passado “Portanto parece improvável que se cumpram as previsões do BCE para 2016 e 2017”, conclui o especialista.

Este atreve-se a ir mais longe, fixando-se na medida favorita do banco central para medir as expectativas de inflação:  a taxa a cinco anos. Esta retrocedeu até aos 1,6% recentemente. “Isso deixa potencialmente aberta a porta para mais medidas de QE na próxima reunião”, sentencia Le Saout. O ponto de vista da Pioneer, explica o especialista, é que “haverá uma considerável oposição dentro do BCE, no que toca ao anúncio de mais medidas acomodatícias na reunião de março, pelo que o melhor que podemos esperar de Draghi serão mais promessas de atuação se a inflação continuar a deteriorar-se”.