Para já, o Brexit não está a ter o impacto negativo esperado

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De acordo com a estimativa rápida do indicador PMI da indústria de agosto na zona euro, podemos concluir que até agora, o impacto negativo do Brexit não é evidente mas atenção, apenas passaram dois meses.

De facto, a estimativa rápida do PMI da indústria de agosto da zona euro de 51,8, enquadra-se perfeitamente no intervalo de valores deste ano (51,2 a 52,8). Face ao valor de julho, a redução é de apenas 0,2.

Contudo, a descida do valor do PMI é mais pronunciada em países como a Espanha, Irlanda e Itália, bem como no Reino Unido (o PMI da indústria de junho foi de 52,4 e em julho caiu para 48,2, ou seja, passou da zona de expansão para a zona de recessão).

Os indicadores de confiança e macroeconómicos em geral acabaram por ser positivos para as bolsas, especialmente a dos EUA que já está acima do nível anterior ao referendo britânico e até bateu novos máximos históricos.

A época de resultados do segundo trimestre foi melhor que o esperado nos EUA e também na Europa, pelo que houve suporte para a evolução positiva dos mercados no mês de agosto, apesar da tradicional menor liquidez em época de férias.

Tem-se verificado nas últimas semanas um aumento ligeiro do otimismo face aos ativos de risco europeus. Contudo, os próximos meses continuarão a ter fatores de risco que importa ter em atenção, tais como as eleições americanas, a provável nova subida dos juros nos EUA, o risco geopolítico (atentados terroristas), o aumento do prémio de risco em alguns países europeus (nomeadamente Portugal), entre outros.

Por cá, o “querido mês de agosto” convidou a muitos mergulhos num oceano mais quente que o habitual. Tivemos várias novelas que animaram a comunicação social: o chumbo de parte dos administradores escolhidos para a CGD pelo BCE e a polémica das viagens ao europeu de futebol, entre outras.

O plano de capitalização da CGD (4,6 mil milhões de euros) foi aprovado, mas o grupo vai ter que emagrecer. Tenho curiosidade para ver a reação e o que vão dizer os parceiros mais à esquerda do governo quando forem anunciados despedimentos.

Os dados da economia portuguesa continuam a sua trajetória de desaceleração, comprometendo as metas orçamentais. O início da preparação do OE/2017 vai ser determinante para a relação: durabilidade do governo versus imposições europeias.

O próximo orçamento de Estado vai ser dos mais importantes dos últimos anos, uma vez que, a União Europeia deu dois meses para que seja apresentado um quadro credível de medidas que possibilitem a consolidação das contas públicas. O OE/2017 vai ser o benchmark dessas medidas e terá necessariamente de ser convincente para os credores.

Será que vamos ter uma nova subida dos impostos indiretos, como aconteceu com o amento da carga fiscal sobre os combustíveis e o tabaco por exemplo?