Panorama dos fundos de curto prazo: os melhores de 2015

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juniorcueva, Flickr, Creative Commons

Fez um ano por estes dias que a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios – APFIPP – alterou a denominação dos fundos de tesouraria para fundos de curto prazo. No final do ano que terminou recentemente a categoria APFIPP que junta os fundos de curto prazo englobava nove produtos que totalizavam, no final do ano, cerca de 850 milhões de euros em património sob gestão.

Observando os dados da Associação, verifica-se que o segmento não teve um ano de 2015 para ser relembrado nos anos vindouros: os dados apontam para uma rendibilidade média de -1,82%. Apesar deste valor, existem produtos que se destacaram em 2015. Dos nove produtos que fazem parte do segmento e cuja a entidade gestora é associada da APFIPP, aquele que melhor resultado apresentou foi o Montepio Tesouraria. Nos doze meses do ano passado a rendibilidade deste fundo da Montepio Gestão de Activos atingiu os 0,45%. No final de novembro o seu património era superior a 57 milhões de euros com o maior investimento a ser realizado em dívida corporativa da Caixa Geral de Depósitos e do banco italiano Intesa Sanpaolo.

Com uma rendibilidade ligeiramente inferior vem o Santander MultiTesouraria da Santander Asset Management. Em 2015 os ganhos atingiram os 0,44% com o seu património a superar os 114, 6 milhões de euros, o que faz do produto o segundo maior do segmento. Os maiores investimentos são realizados em depósitos a prazo nalgumas instituições financeiras.

Acima da “linha de água”

Com rendibilidades positivas surgem mais quatro produtos de curto prazo.  Com 0,162% de ganhos em 2015 figura o Banif Euro Tesouraria. Gerido pela Banif Gestão de Activos, o produto tem-se destacado durante o ano de 2015, nos produtos cinco estrelas para a Morningstar. No final do mês de novembro o seu património ascendia a mais de 21,5 milhões de euros com os maiores investimentos a serem realizados nalguns depósitos a prazo em instituições nacionais, além de títulos de dívida da cotada nacional Semapa e da Caixa Geral de Depósitos

Logo depois vem o NB Tesouraria Ativa que é gerido por Amit Maugi da GNB Gestão de Ativos. No final do ano o seu patrimónios era superior a 12 milhões de euros com as obrigações soberanas a dominarem os maiores investimentos: nomeadamente a de países como a Alemanha e a Bélgica. Na última ficha de produto publicada pela entidade, referente ao mês de novembro, podia ler-se que a “exposição a ativos do sector financeiros e dívida pública de curto prazo”, tal como a “redução da yield da divida publica alemã” ajudaram ao crescimento do produto.

Podemos encontrar ainda o BPI Liquidez que é gerido pela BPI Gestão de Activos. Trata-se do maior produto com um montante sob gestão de quase 485 milhões de euros – dados de novembro. Em termos de rendibilidade a sua evolução foi de 0,11% nos doze meses de 2015. Entre os maiores investimentos encontramos depósito no Banco BPI, seguido de Bilhetes do Tesouro e de Obrigações soberanas alemãs. Também podemos encontrar obrigações corporativas da Semapa nos maiores investimentos.

Liderança do segmento fora da APFIPP

Alargando a análise a todos os fundos do mercado nacional, verificamos que o melhor fundo de curto prazo do ano passado foi o Lynx Euro Tesouraria. Gerido pela Lynx Asset Managers o produto atingiu ganhos de 0,47% nos doze meses de 2015. Para Pedro Azevedo, CEO da Lynx Asset Managers, foram três os main drivers que ajudaram à performance do produto: a “duração muito baixa”, a “aposta em papel comercial e depósitos a prazo” e ainda o “aproveitamento de algum risco de crédito, via emissões de obrigações corporate, no 1º trimestre”. 

O profissional entende que "o QE na Europa criou condições para que os yields europeus descessem (preços subiram)". Contudo alerta, por outro lado, "e dado que os EUA já iniciaram o processo de subida dos juros (FED Funds subiu em Dezembro)", que continuarão "a privilegiar as maturidades curtas". "Quanto mais tempo as taxas de juro estiverem baixas, maior o risco de virmos a ter inflação. A curva europeia deverá, por isso, ganhar alguma inclinação (steepening), à custa da subida dos yields longos (10 anos e seguintes), os quais reagem mais às perspectivas inflacionistas", reitera.

Já sobre o ano que agora começou, o CEO da entidade aponta como maior desafio a “entrada em vigor do Fundo de Resolução e a perspectiva de que obrigações seniores e depósitos a prazo deixam de ser seguros, o que para um Fundo de Tesouraria obriga ainda a maior atenção”.

Os produtos de Curto Prazo com rendibilidade positiva em 2015

Fundo Gestora Rendibilidade 2015 (%)
Lynx Euro Tesouraria* Lynx Asset Managers * 0,470
Montepio Tesouraria Montepio Gestão de Activos 0,456
Santander MultiTesouraria Santander Asset Management 0,443
Banif Euro Tesouraria Banif Gestão de Activos 0,162
NB Tesouraria Ativa GNB Gestão de Ativos 0,128
BPI Liquidez BPI Gestão de Activos 0,110
IMGA Liquidez IM Gestão de Ativos 0,036
Fonte: APFIPP no final de dezembro de 2015. *Fora do Universo APFIPP