"Os mercados de obrigações caminham para a normalização"

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Para Andrew Feltus, vicepresidente sénior de Pioneer Investments, gestor do Pioneer Global High Yield, e membro da equipa de gestão do Pioneer Strategic Income, os mercados de obrigações iniciaram o seu caminho em direcção à normalização. O sinal foi dado, indubitavelmente, por Bem Bernanke, à luz de uma economia norte-americana com uns mercados imobiliário e laboral em recuperação, uma despesa pública em baixa e um crescimento positivo, apesar de ainda abaixo do ritmo médio das décadas passadas. Se a Fed tomou a decisão de ir ajustando a sua política monetária expansiva “é porque pode, os Estados Unidos estão a crescer”.

Contudo, na opinião de Andrew Feltus, o ajuste deverá ser gradual. Não vão atingir uma taxa de 2% em termos reais, ou seja, 4% em valor nominal, de um dia para o outro. Tem que ser pouco a pouco, porque embora se queira evitar a formação de bolhas, um crescimento de 2% não é assim tão excessivo.

Neste novo enquadramento de normalização, e apesar de que o ciclo de crédito parece estar a orientar-se mais para os accionistas, através de dividendos ou recompra de acções, para Feltus, as obrigações ‘high yield’ continuam a constituir uma boa oportunidade. Naturalmente não se vão “escapar” do efeito de ajuste que a política monetária possa ter nas obrigações e letras do Tesouro Americano, mas beneficiar-se-ão da sanidade das empresas, com mais lucros, bons rácios de liquidez e menor endividamento. Numa economia que cresce é de esperar que os lucros sigam uma tendência sustentável e que o nível de imparidades se mantenha durante um período razoável cerca dos actuais mínimos.

Há outros tipos de obrigações que estão mais ajustados. Por exemplo, “as de países emergentes, onde apesar das rendibilidades reais mais elevadas e da maior margem que lhes concedem as suas balanças orçamentais, há que ser cuidadoso e estudar caso a caso”.

A carteira actual do Pioneer Strategic Income baseia-se na baixa correlação entre os vários activos da classe de obrigações, na subponderação dos activos mais sensíveis a subidas das taxas de juro e na procura valor a valor de uma convexidade positiva. “A volatilidade pode ser fonte de oportunidades”.

Para Feltus, o maior risco para os mercados não é a mudança de rumo da Reserva Federal, mas sim os acontecimentos geopolíticos que podem tomar um cariz inesperado e também a situação europeia. “A Europa não está a fazer o suficiente”. Algo que poderá alterar-se após as eleições alemãs, “sobretudo se os alemães pararem para pensar no dano, em termos de competitividade, causado nas suas exportações devido à recente queda do iene e às políticas expansivas do BOJ”.