Os fundos de ações com os quais as gestoras internacionais vão competir em 2016

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401(K) 2013, Flickr, Creative Commons

Não existem dúvidas. A Europa será a grande aposta das gestoras internacionais nas ações para o próximo ano. Segundo uma sondagem feita pela Funds People entre alguns dos máximos responsáveis das entidades estrangeiras com representação no mercado ibérico, essa é a grande conclusão. 

Muitos são os profissionais que este ano escolheram um fundo de ações europeias como primeira opção para 2016, embora não exista muito consenso sobre a melhor maneira de abordar o mercado europeu, ou seja, se deve ser através de estratégias direcionais que investem em empresas de grande capitalização, fundos long-short ou de retorno absoluto, produtos que centrem o seu universo de investimento em empresas de pequena e média capitalização ou estratégias de controlo de volatilidade que procurem proteger o capital em períodos de correção.

A recomendação nas ações de Nuria Trio de forma a enfrentar 2016 é o Amundi Funds Equity Europe Conservative. A diretora geral adjunta da Amundi para Ibéria acredita que as ações europeias  oferecem ainda um potencial de revalorização via dividendo, e este fundo procura aproveitar este potencial com um baixo nível de risco. O seu objetivo é bater o MSCI Europe num horizonte de cinco anos, mas mantendo uma volatilidade mais baixa. “A equipa de gestão seleciona empresas com sólidos fundamentais depois de aplicar um filtro de liquidez; limita a volatilidade utilizando um processo de otimização quantitativa, e evita ao máximo os crowded trades. O resultado é uma carteira diversificada com uma volatilidade controlada. O seu processo de investimento superou diferentes ciclos de mercado”.

A eleição de Aitor Jauregui, responsável de desenvolvimento de negócio da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra é um fundo de ações asiáticas, mais concretamente o BGF Asia Growth Leaders Fund, produto que investe nas melhores ideias que os responsáveis da estratégia encontram na Ásia Emergente, excluindo o Japão. “Na hora de investir, o fundo tem completa flexibilidade relativamente ao seu índice de referência e está enfocado em empresas de média capitalização que oferecem um nível de risco ajustado”. Deste produto o responsável da entidade destaca o facto de se ter conseguido posicionar no primeiro quartil relativamente a concorrentes em todos os períodos de observação, tomando como referência os dados do final do mês de novembro.

No Deutsche AWM acreditam que 2016 será um ano moderadamente favorável para as ações dos mercados desenvolvidos, apesar da volatilidade continuar a ser a tónica geral dos mesmos. “Uma  vez que as valorizações dos mercados de ações são exigentes, as subidas adicionais deverão chegar pela mão do crescimento dos lucros e dividendos. Esperamos que estes últimos tenham um maior peso no retorno total das ações”, assegura Luis Ojeda. O responsável da gestora para Ibéria considera que haverá oportunidades de investimento interessantes especialmente nos sectores da tecnologia, saúde, financeiro e consumo. “De um ponto de vista regional favorecemos os mercados desenvolvidos comparativamente com os emergentes, Europa e Japão, face aos EUA. Neste contexto, e para aqueles investidores que procuram posicionar-se em ações, a nossa recomendação seria o DWS Top Dividend/ Deutsche Invest I Top Dividend (fundos espelho). São fundos de ações globais que investem em empresas com expectativas de rentabilidade por dividendo superiores à média do mercado. Nos dois casos, o objetivo do investimento é alcançar uma rentabilidade por dividendo média, que se situe entre os 3,5% e os 4%. A seleção dos títulos realiza-se através de um modelo quantitativo elaborado internamente e que se baseia em três factores: a análise da rentabilidade por dividendo, o rácio de crescimento dos dividendos e um rácio de distribuição de dividendo estável”.

A estratégia de ações que recomenda Sebastián Velasco para 2016 é o FF European Dynamic Growth. Segundo especifica o responsável da Fidelity para Iberia, o gestor investe em títulos com um bias de crescimento mediante uma análise bottom-up, empresas cujo potencial de crescimento a longo prazo esteja subvalorizado pelo mercado, dando especial atenção aos motores estruturais do seu crescimento. Entende que a Europa está na senda da recuperação e o seu cenário económico geral é positivo, embora o ritmo da recuperação seja lento, continuando assim durante algum tempo. No contexto atual posiciona o fundo com cautela, centrando-se em empresas cujas valorizações sejam razoáveis, e nas que tem uma convicção elevada na sua capacidade para gerar lucros.

A opção que Ramón Pereira encontra mais atrativa para investir em ações no próximo ano é o Franklin European Small Mid Cap Growth, fundo que tem como objetivo conseguir a revalorização do capital no longo prazo investindo principalmente em ações e ou títulos de ações de pequena e média capitalização (aqueles com uma capitalização de mercado acima dos 100 milhões de euros e abaixo dos oito biliões de euros) na Europa. Segundo explica o responsável da Franklin Templeton para Portugal e Espanha, a equipa que gere o fundo aplica a sua estratégia de investimento com um enfoque bottom up procurando empresas com valorizações atrativas. O fundo, que não segue um índice de referência, é gerido sob uma lógica de controlo de risco.

Javier Dorado, responsável da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha, aposta em 2016 no JPM Europe Dynamic Fund. É um fundo concentrado e sem limitações de índice, agregando as melhores ideias em ações europeias da entidade. “Acreditamos que está muito bem posicionado para aproveitar as oportunidades que a Europa oferece no cenário atual de recuperação económica, em que as empresas estão a beneficiar da queda do preço das matérias primas e de um euro mais barato, e numa altura em que as economias periféricas estão a crescer acima da média. Este fundo apresenta um comportamento histórico muito atrativo e é gerido por uma equipa muito estável com uma longa trajetória”, assinala o responsável de entidade.

Laura Donzella, responsável da Nordea para Ibéria e América Latina, elege como primeira opção nas ações para 2016 um produto que investe nos emergentes, mais concretamente o Nordea 1- Emerging Stars Equity Fund. Segundo explica, num contexto cheio de incertezas económicas (preço do petróleo), políticas (eleições) ou sociais (protestos pró-democracia), o velho enfoque de investimento em mercados emergentes (BRICs) não parece atrativo para os investidores. “Uma carteira concentrada de empresas de crescimento (GARP) com um bias de alta qualidade, é a melhor maneira de ganhar exposição ao potencial de subida a longo prazo que é independente do “ruido” do mercado a curto prazo”, assegura.

Segundo Gonzalo Rengifo, 2016 não vai ser fácil, com a consolidação do crescimento económico e expectativas de rentabilidade moderadas. Assim o investidor tem que estar atento às oportunidades. Em ações, como complemento do investimento global, o diretor geral da Pictet AM para Ibéria e América Latina considera que pode ser útil um enfoque baseado em megatendências, desafios estruturais a longo prazo. “A sua natureza preditiva contrasta com o caminho percorrido pelos índices ponderados por capitalização. Neste sentido, o Pictet Global Megatrend Selection proporciona acesso a nove temas: saúde, robótica, digitalização, segurança, água, madeira, agricultura, energias limpas e marcas de luxo (gama alta). Cada um tem o seu perfil risco/rentabilidade e é possível combiná-los para alcançar o objetivo preferido. O conjunto é independente de regiões, estilo, sectores, capitalização e índices convencionais”, explica.

O produto de ações que Isabel de Liniers, responsável de vendas para Portugal da Pioneer Investments e Teresa Molins, diretora de Vendas de Clientes Institucionais, recomendam para 2016 é o Pioneer Funds – Absolute Return Europqan Equity, fundo market neutral de ações europeias gerido por Fabio di Giasante cujo objetivo é gerar rentabilidades positivas com independência do mercado. Ambas referem que o produto tem um claro enfoque na geração de alfa e na eliminação do beta do mercado. “O produto tem por base uma equipa que conta com uma grande experiência no stock picking, que segue um exaustivo processo de controlo de risco (que vem definido para cada estratégia alfa) e um processo de seleção de alguns valores em função do análise fundamental “bottom up”, usando uma estratégia alfa adicional para captar alfa no mercado de médias e pequenas empresas”. O objetivo é gerar uma rentabilidade de Eonia + 600 pontos base num ciclo de 3 anos brutos de comissões, com um range de volatilidade esperada entre os 2 e os 4% (máximo 6%). 

“Durante 2016, as ações vão continuar a ser o nosso ativo favorito, mantendo-se as europeias como as favoritas”, reconhece Carla Bergareche. A diretora geral da Schroders para Ibéria assegura que um fundo que permite tirar proveito das oportunidades que oferece as ações europeias é o Schroder ISF European Opportunities, produto que investe em empresas europeias de grande e média capitalização, e que tem como objetivo gerar de maneira consistente uma rentabilidade superior ao seu índice de referência nos diferentes contextos de mercado utilizando um enfoque pragmático de investimento do ciclo económico. “O gestor, Steve Cordell, combina uma clara visão macroeconómica com uma seleção individual de títulos, facilitada por uma análise exaustiva das valorizações dos lucros no mercado. A análise do ciclo económico reduz o risco da seleção de títulos centrada na atenção ao perfil de risco requerido pela empresa. Em pontos de inflexão do ciclo económico, uma mudança no interesse por risco requere modificar o beta da carteira substancialmente. É aqui onde acrescentamos valor em comparação com outros fundos geridos a partir de uma seleção de valores 100% bottom-up”.

A eleição nas ações de Juan Infante, da UBS AM, é um fundo de ações europeias long short, no caso o UBS (Irl) Investor Selection – Equity Opportunity Long Short Fund. Tendo por base uma análise fundamental, quantitativa e qualitativa, este fundo procura anomalias a curto e médio prazo de empresas – principalmente na Europa – mas com oportunidades de investimento por todo o mundo. Segundo explica o responsável da entidade para Ibéria, o gestor da carteira procura gerar rentabilidades positivas com exposição longa ou curta em ações das quais tenha uma opinião positiva ou negativa. Desta forma, pretende obter rentabilidade ao incorporar a sua visão sobre os movimentos do mercado à medida que varia a exposição líquida a ações (o beta pode variar entre -0,25 e 0,7). O objetivo da volatilidade anualizada prevista é inferior aos 10% ao longo de um ciclo de mercado (3 a 5 anos).