Os argumentos da J.P.Morgan AM para não virar as costas às obrigações ‘core’

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Dps, Flickr, Creative Commons

Trinta anos depois, o mercado ‘Bull’ levou as principais referências do mercado de obrigações a alcançar mínimos históricos. Se se ajustar a inflação, os rendimentos reais de alguns investimentos em obrigações estão muito próximos de zero, de acordo com os cálculos da J.P.Morgan AM, o que “limita a geração de rendimentos”, recordam. Dito isto, da entidade norte-americana constatam que alguns rendimentos começaram a subir, em consonância com a estabilização do crescimento económico dos EUA e dos sinais da FED de que mais cedo ou mais tarde se iniciará o caminho para a normalização, acrescendo ainda o banco central estar a reduzir os esforços para manter baixas as taxa de juro de longo prazo. Isto leva os especialistas da entidade a concluir que “uma melhoria económica mais alargada, uma saída contínua das políticas acomodatícias da FED e um eventual endurecimento dessas mesmas politicas, assim como a possibilidade de inflação, poderá aumentar a pressão de subida das taxas de juro”.

Neste ambiente, da gestora dizem que a “alocação de ativos continua a ser um motor primário de retornos de investimento, pelo que as obrigações se mantêm como elemento chave para uma carteira bem diversificada”. De seguida, explicam diversas opções para ajudar o investidor que quer continuar a ganhar exposição a estas classe de ativos. Começam com um lembrete de que, em termos históricos, as obrigações consideradas ‘core’ têm uma correlação negativa com as ações. A partir desta observação , afirmam que “a combinação de um amplo mix de ativos com investimentos bem diversificados em obrigações pode melhorar o equilíbrio da carteira em termos de volatilidade, oportunidades de retornos e potenciar os rendimentos”.

No entanto, na J.P.Morgan AM fazem uma segunda chamada de atenção: a diversificação não ajuda apenas a aproveitar mais oportunidades de investimento. Com a diversificação, o investidor pode também obter lucros em relação aos “seus objetivos de investimento, às suas necessidades de geração de rendimentos, ao seu horizonte temporal e ainda em função da sua tolerância ao risco”. Neste sentido, se se tem uma perspetiva de investimento de longo prazo, a combinação entre obrigações ‘core’ e outras classes de ativos (principalmente ações) já demonstrou ser no passado aquela que gerou retornos positivos. Os especialistas fornecem os seguintes dados para refutar esta tese: uma carteira com 50% de ações e 50% de obrigações nunca enfrentou perdas anualizadas num período de cinco anos consecutivos nos últimos 63 anos.

No seu último Market Insights, os especialistas elaboraram um gráfico em que se pode observar as distintas correlações positivas ou negativas entre as distintas classes de ativos e a volatilidade que poderiam gerar em termos anualizados de acordo com a sua média histórica.

  Grandes capitalizações EUA Europa e Ásia Europa e Médio Oriente Obrigações High yield corporativo Municipal Bonds Moedas Obrigações Emergentes Matérias-primas REITS Hedge funds Acções market neutral Volat.*
Grandes capitalizações EUA 1 0,88 0,78 -0,26 0,76 -0,09 -0,5 0,61 0,5 0,78 0,81 0,61 16
Europa e Ásia   1 0,91 -0,17 0,78 -0,03 -0,72 0,7 0,63 0,68 0,87 0,74 20
Europa e Médio Oriente     1 -0,11 0,82 0,04 -0,66 0,79 0,67 0,58 0,89 0,58 25
Obrigações       1 -0,06 0,81 -0,08 0,26 -0,24 -0,01 -0,27 -0,18 3
High yield corporativo         1 0,16 -0,53 0,87 0,57 0,7 0,78 0,41 12
Municipal Bonds           1 -0,08 0,47 -0,17 0,06 -0,07 -0,11 4
Moedas             1 -0,53 -0,66 -0,4 -0,58 -0,69 7
Obrigações Emergentes               1 0,49 0,62 0,66 0,34 8
Matérias-primas                 1 0,36 0,72 0,45 21
REITS                   1 0,54 0,43 26
Hedge funds                     1 0,6 7
Acções market neutral                       1 4

Fonte: Standard & Poor's, FRB, Barclays Capital Inc, MSCI Inc, Credit Suisse/Tremont, NCREIF, DJ UBS, J.P.Morgan Asset Management. 

*Volatilidade em termos anualizados, calculada com base em desvios trimestrais.