Onde está o brilho dos BRIC?

Um dos temas da gestão de activos financeiros mais discutidos este ano é a pobre performance relativa dos mercados emergentes, especialmente dos denominados países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Temos assistido nos últimos meses a um fluxo de saída de capitais dos produtos cuja carteira é constituída por activos financeiros dos mercados emergentes (acções e dívida).

O brilho parece ter diminuido, face aos dados macroeconómicos de 2012 e de 2013 e face ao comportamento das commodities. Existe de facto uma certa correlação entre as commodities e os mercados emergentes, uma vez que nestes últimos, encontramos dos maiores produtores e consumidores mundiais.

Quando vemos o Brasil crescer 0,9% em 2012 e a OCDE no seu relatório de Maio prever “apenas” 2,9% de crescimento do PIB em 2013, quando o país até está num fase de investimentos significativos em infraestruturas, devido aos acontecimentos desportivos que se vão realizar em 2014 (campeonato do mundo de futebol) e em 2016 (jogos olímpicos), ficamos algo surpreendidos. Mais ainda, porque as taxas de juro no Brasil estão a subir apesar de um menor dinamismo da economia.

Quando vemos a Rússia a crescer 3%, a Índia entre 4% e 5% e a China à volta dos 7,5% quando há poucos anos, estes países cresciam a taxas superiores em 2% ou 3% face às actuais, ficamos algo surpresos e preocupados.

Penso no entanto que os mercados emergentes e os BRIC não perderam totalmente o brilho. À medida que aumentam a sua riqueza produzida, naturalmente terão mais dificuldade em crescer como nos últimos anos. Mas, se o crescimento económico mundial inflectir nos próximos tempos, os mercados emergentes apresentam vantagens comparativas face ao mundo desenvolvido que os podem fazer diferenciar novamente: pirâmides de idade com uma forte base de população jovem, taxas de natalidade superiores, esperança de vida a aumentar,  necessidades crescentes dos seus consumidores, aumento do rendimento disponível da população, aumento da produtividade e diversificação de produções, entre outras.

No entanto, os investidores têm que olhar para outros países emergentes, com as denominações já conhecidas: países fronteira e next eleven (Bangladesh, Egipto, Indonésia, Irão, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia, Coreia do Sul e Vietname), embora alguns atravessem graves problemas como por exemplo o Egipto.

África em geral também terá certamente a sua vez, embora os factores de risco geo-políticos têm que ser ponderados.

Para bem do mundo desenvolvido, será bom que os mercados emergentes continuem dinâmicos!

Carlos Bastardo

Economista

Autor do livro Gestão de Activos Financeiros – Back to Basis

(Autor da foto: Bassak 1, Flickr, Creative Commons)