“O risco não é opcional”

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BemDevassa, Flickr, Creative Commons

“Hoje em dia vivemos num mundo onde o risco é, na realidade, parte da equação. Não é opcional”. Esta é a frase que dá o mote para o início de uma conversa com Damien Martinez, diretor da área de ‘Governance, Risk and Compliance’ da Thomson Reuters, focada na temática da importância do risco no universo da gestão de ativos.

Em outros tempos, a vertente do risco não era tão relevante como nos dias de hoje, já que “a presença dos media não era tão marcante e disseminada como agora, pelo que efetuar uma má avaliação e tomar posições em determinadas indústrias sistemicamente arriscadas, pode acabar por ser extremamente complicado”, explica Damien Martinez. O profissional especifica as indústrias do jogo, mineração e extração de recursos naturais e construção, como algumas das que estão referenciadas pela OCDE como sujeitas a elevados níveis de corrupção. Adicionalmente, e segundo o especialista, “vemos a criminalização de alguns tópicos que não o eram no passado, como as questões ambientais, por exemplo”, o que se reflete muitas vezes no comportamento de mercado.

Segundo o especialista, num qualquer processo de investimento há que haver sempre “algum tipo de matriz de risco”, que considere esse mesmo risco nas diferentes vertentes que podem pesar nas rentabilidades, seja o risco de crédito, de mercado, de compliance, individual, reputacional, entre outros.

Com um contacto permanente com vários agentes da gestão de ativos, a perspetiva da Thomson Reuters é bastante perspicaz: “O que nos temos apercebido em reuniões recentes, é que a indústria depara-se com muitos desafios, seja a questão de quota de mercado, o confronto com a gestão passiva, a eterna busca pelo alpha, mas especialmente a questão dos riscos subjacentes e, mais especificamente, o risco reputacional”.

Perante um contexto de maiores exigências regulatórias e introdução de novas leis, as empresas e organizações enfrentam a pesada tarefa de identificar, monitorizar e reportar o risco, ao mesmo tempo que têm que se manter competitivas”, relata o profissional. Neste sentido “as ferramentas da Thomson Reuters, como o World-Check, ajudam identificar entidades e indivíduos de risco a nível global, bem como a expor riscos disfarçados nas relações de negócios e redes de contactos”. Basicamente, este tipo de análise realizado por mais de 500 especialistas da Thomson Reuters em KYC/Due Diligence diz-nos “onde existem os riscos do investimento”, seja pelo risco inerente a lidar com entidades detidas ou relacionadas com governos menos estáveis ou relacionadas com pessoas politicamente expostas, seja pela identificação de empresas que, direta ou indiretamente estão sujeitas a sanções internacionais. Exemplos de multas astronómicas aplicadas a entidades financeiras e não financeiras nos anos recentes demonstram que não fazer a devida due diligence, ou não dar maior prioridade a conhecer os nossos clientes, parceiros, fornecedores, etc... não é uma opção.