O que é e como se calcula a pegada de carbono num fundo de investimento?

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PatrickSmithPhotography, Flickr, Creative Commons

Depois do histórico acordo internacional alcançado durante a cimeira do clima que teve lugar em Paris no passado mês de dezembro – pelo qual uma maioria de países se comprometeu a tomar medidas para reduzir as emissões de carbono, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global – o conceito da pegada de carbono (carbon footprints) está a ganhar cada vez mais relevância nas carteiras de investimento.

Porquê? Pois porque “a gestão de ativos é considerada um ponto essencial no processo de descarbonização da economia, já que é um dos canais mais relevantes de transmissão de financiamento a empresas e instituições públicas”, explica Xosé Garrido (Caja de Ingenieros Gestión).

Neste sentido, algumas empresas como o BNP Paribas Investment Partners, que foi a primeira gestora internacional a assinar o protocolo de Montreal 2015, começou a incorporar esta informação não financeira na documentação de 26 dos seus fundos Parvest.

“A pegada de carbono de um fundo tenta determinar o volume de gases de efeito de estufa (Greenhouse Gas, GHG) que emitem os investimentos do fundo”, medido em quilos de dióxido de carbono por ano, o que permite comparar o dado com outras atividades quotidianas e com outros produtos ou sectores, esclarecem da casa francesa. Publicar uma revista, por exemplo, tem uma pegada de carbono de 2 kg, que compara com 300 kg (por passageiro) de um voo de ida e volta entre Paris e Oslo.

Neste sentido, um fundo que invista maioritariamente no sector financeiro terá uma pegada de carbono muito inferior a outro que invista grande parte da carteira no sector energético, por exemplo. “Num índice como o MSCI World, o sector financeiro representa 2% das emissões de carbono e 21% da capitalização de mercado do índice”, destacam do BNP Paribas IP. “Pelo contrário, três sectores – utilities, energia e materiais – concentram 82% das emissões de carbono e 15% da capitalização de mercado. Tendo em conta o peso destes três sectores, a pegada de carbono de um fundo dependerá mais das suas alocações sectoriais que da pegada de carbono individual de cada empresa em que invista”.

Como se calcula a pegada de carbono?

O protocolo GHG estabelece os standards internacionais para o cálculo e registo das emissões de gases de efeito de estufa das empresas. As emissões desagregam-se em três categorias que ponderam de forma diferente segundo o tipo de negócio (ver gráfico de exemplo, abaixo. Fonte BNP Paribas IP).

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A categoria 1 mede as emissões geradas diretamente pelas instalações da empresa. A categoria 2 faz referência às emissões indiretas vinculadas ao consumo energético da empresa. Por último, a categoria 3 abarca as restantes emissões indiretas, incluindo aquelas relacionadas com a utilização dos produtos da empresa. No entanto, esta última categoria não está estandardizada, pelo que é menos fiável e não costuma ser incluída nos cálculos.

“Para calcular a pegada de carbono de um fundo, somam-se as emissões de cada empresa e ponderam pela sua capitalização de mercado e pelo tamanho da posição no fundo. Assim obtemos um indicador das emissões que gera cada euro investido no fundo”.