O mês de agosto pelos olhos dos gestores de fundos multiativos defensivos

141675851_05d0f18260_z
Richard Ashley, Flickr, Creative Commons

Durante os meses de verão, a escalada de tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte esteve no centro das atenções na generalidade dos mercados. Em contraste com esta escalada está a desvalorização do dólar, que tem vindo a perder força face a algumas das principais moedas. Posto isto, através das fichas de produto mensais, procurámos saber a visão dos gestores de fundos multiativos relativamente ao mês de agosto. Que destaques surgem desta análise?

De acordo com Pedro Vieira, gestor do IMGA Prestige Moderado, os mercados obrigacionistas “beneficiaram” não só com o acentuar da tensão geopolítica com a Coreia do Norte, mas também com a ausência da inflação. Por outro lado, este contexto parece estar relacionado com a atuação dos bancos centrais, uma vez que a minuta do BCE “sugere que na reunião de setembro ainda não será anunciado a redução do programa de compras, e a da Reserva Federal a dar conta da divisão dos seus membros quanto ao momento da próxima subida das taxas de juro”, revela o gestor.

Pedro Viera adianta, ainda, que “o alargamento dos spreads dos países periféricos sugerem um posicionamento mais defensivo por parte dos investidores”.  Quanto à desvalorização dos mercados europeu e do Japão (0,8% e 1,4%, respetivamente) e a valorização dos mercados emergentes e dos Estados Unidos (2,2% e 0,2%, respetivamente), o gestor considera este contexto “positivo tendo em conta a sazonalidade desfavorável e a quantidade de eventos geopolíticos e climatéricos que ocorreram”.

O gestor do Santander Select Dinâmico revela que as atenções dos investidores “estiveram centradas na instabilidade política norte-americana, uma vez que as medidas fiscais prometidas em campanha por Donald Trump tardam a ser apresentadas”. Ainda que considere que os investidores tenham optado por ativos mais seguros, o gestor acredita que este movimento se deve “à escalada de tensão geopolítica entre os Estados Unidos e a Coreia da Norte, levando a dívida norte-americana a 10 anos a apreciar 1%”.

Do lado da BPI Gestão de Activos, o gestor do fundo BPI Universal destaca o bom comportamento das obrigações indexadas à inflação e da dívida corporate, enquanto que as obrigações convertíveis apresentaram “um fraco desempenho”, o que resultou num “contributo praticamente nulo por parte da classe obrigacionista”. Assim, o mercado acionista foi o grande destaque do mês, “sobretudo as ações de mercados emergentes”, revelou.

Já o gestor do BPI Selecção considera que tanto o índice de ações americanas, como os mercados emergentes “beneficiaram do enfraquecimento do dólar”. Adianta, ainda, que “em agosto, os principais indicadores de atividade económica a nível global mantiveram a tendência positiva de 2017”, enquanto que o escalar da tensão geopolítica “aumentou a aversão ao risco e a volatilidade durante o mês”. Quanto ao mercado obrigacionista, o gestor defende que o alargamento dos spreads da dívida privada se deve “à incerteza associada ao processo de redução de estímulos monetários do BCE que deverá ocorrer nos próximos meses”.