O comportamento dos fundos nacionais de obrigações europeias

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Alexander Baxevanis, Flickr, Creative Commons

Depois de analisado o comportamento dos fundos de ações da união europeia nos últimos três anos, é pertinente analisar o desempenho dos fundos de obrigações europeias nacionais a três e a cinco anos.

Conforme observámos, os últimos três anos foram propícios em acontecimentos com a capacidade para alterar o ambiente dos mercados. Por um lado, o Brexit surge como o evento com maior probabilidade de impacto no mercado europeu. A saída do Reino Unido da União Europeia é um processo que vai demorar algum tempo a ser concluído e, até lá, a Europa vai passando por momentos de alguma incerteza. Por outro lado, a eleição de Donald Trump como 45º Presidente dos Estados Unidos deu lugar não só a previsões bastante pessimistas, mas também otimistas devido às reformas anunciadas. Certo é que, enquanto as medidas não são anunciadas, o mercado aguarda com expetativa pelo futuro. 

Por outro lado, a partir de 2012 o elemento com mais impacto para o mercado europeu foi a reação dos países do sul da europa à crise financeira que se iniciou em 2008. A Grécia foi, talvez, o país que mais consequências sofreu neste período tão conturbado.

De qualquer das formas, qual foi o impacto dos eventos que ocorreram entre 2014 e 2017 para os fundos de obrigações europeus?

O relatório no qual constam as medidas de rentabilidade e risco dos fundos de obrigações europeus, até ao final do mês de fevereiro, divulgado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) revela que os 11 fundos que compõem esta categoria registaram, nos últimos doze meses, uma rentabilidade anualizada de 1,79%.

Contudo, entre 2014 e 2017, a categoria que engloba fundos que “investem direta, ou indiretamente, pelo menos 80% da carteira em obrigações”, obteve uma rentabilidade anualizada média de apenas 1,09%.

Porém, o comportamento destes fundos de obrigações a cinco anos revela uma outra face, uma vez que os fundos inseridos nesta categoria registaram uma rentabilidade anualizada a cinco anos, média, de 4,47%.

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Analisando a performance dos fundos a três anos, o Caixagest Obrigações Longo Prazo, da responsabilidade da Caixagest, surge como aquele que obteve o melhor desempenho, registando uma rentabilidade anualizada no período em questão de 3,76%. 

Contudo, olhando para o período mais longo, o panorama é bastante diferente. Com uma rentabilidade anualizada a cinco anos de 9,79%, o NB Obrigações Europa, da GNB Gestão de Ativos, é o fundo com o melhor comportamento entre 2012 e 2017. De acordo com dados da Morningstar, este registou, em 2014, uma rentabilidade anualizada de 8,28%. Segundo Vasco Teles, gestor do fundo, a exposição a países periféricos foi um dos fatores que ajudou o fundo. Por outro lado, essa mesma exposição, ainda segundo o gestor, prejudicou o fundo no ano de 2015, o que poderá ser visto como uma das razões para o comportamento tão díspar a três e a cinco anos.

Outro dos fundos em destaque a cinco anos é o Montepio Taxa Fixa, da responsabilidade da Montepio Gestão de Activos, que registou uma rentabilidade anualizada neste período de 8,14%. De acordo com dados da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a exposição à dívida de países do sul da europa, incluindo a portuguesa, deverá ter sido  um dos fatores que levou a um impulso considerável entre 2013 e 2014, fazendo com que o comportamento a cinco anos se destaque.

Destaque ainda para o fundo da Popular Gestão de Activos, o Popular Euro Obrigações. As rentabilidades menos expressivas, tanto a três como a cinco anos, poderão estar relacionadas com a exposição a títulos de dívida do Banif, um dos títulos que, segundo a CMVM, fazia parte da carteira deste fundo no ano de 2015.