Não tema a volatilidade na Europa: aproveite-se dela

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Nuno Coimbra

Para os especialistas da Franklin Templeton a Europa também se tornou a aposta forte no que diz respeito às ações. Desta forma, há que colocar as coisas no seu contexto próprio, visto que no seu último relatório o gestor e analista da entidade, Michael Clements, assegura “que já atravessámos a pior parte da recessão económica da zona euro, mas é improvável um regresso da denominada “era dourada”, que se situou entre os anos 90 e 2008. O especialista crê que é mais provável que se crie “um período prolongado de baixo crescimento, em que os episódios de volatilidade económica podem oferecer oportunidades para a seleção de valor em toda a Europa”.

Clements recorda que a melhoria de alguns dados macroeconómicos, como o aumento das exportações e da produtividade em Espanha, Irlanda e Portugal como consequência das suas reformas laborais, contribuíram para melhorar a confiança do consumidor. No entanto, apesar destes indícios de recuperação, o gestor reitera a sua crença de que “é provável que se assista a alguma volatilidade contínua a nível macro”.

Contudo, Clements mantém uma atitude proactiva em relação à volatilidade: “Em vez de temerem as oscilações do mercado na Europa, os seletores de valores devem dar-lhes as boas vindas”. A razão para tal? Esta parte do seu ponto de vista consiste no facto da recuperação não ser uniforme entre os países da zona euro, já que alguns têm que continuar a sua luta nos próximos anos. “Mas através de uma abordagem de seleção bottom-up, acreditamos que podemos evitar esses focos de problema”. Neste sentido, o especialista não vê a volatilidade como uma inimiga, dizendo que “também tem de se criar oportunidades de compra de excelentes negócios a preços geniais para o longo prazo”.

Nas palavras do gestor, este sistema de rastreio e seleção de valores é bastante simples: comprar negócios de grande qualidade que consigam balanços fortes “no momento em que as pessoas estão nervosas com algo no mercado”. O especialista olha especialmente para as empresas que tenham uma vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo: quota de mercado, tecnologia dominante, marca reconhecida... “Em geral, a nossa estratégia tem-nos levado mais para empresas de pequena e média capitalização, que frequentemente são ignoradas, mas que têm muitas das caraterísticas de nicho que apreciamos num investimento”, resume Clements. No Investment Day que a Franklin Templeton realizou em Lisboa há alguns meses, o gestor apresentava como exemplo deste processo de seleção a empresa espanhola Mediaset.

O uso que o gestor faz da volatilidade não é meramente especulativo: “Quando os medos a curto prazo proporcionam oportunidades para investir, selecionamos ações para as nossas carteiras e deixamo-las funcionar num horizonte de investimento de cinco anos”. “A nossa abordagem tem uma taxa de substituição muito baixa”, alerta.

Tendo em conta que no seu universo de investimento cabem mais de 3.000 cotadas do continente europeu, Clements acredita que apesar dos aumentos guiados pelo otimismo nos últimos meses “ainda se podem encontrar ideias de investimento em todo o mercado europeu”. Assim, confessa que os últimas descobertas têm acontecido dentro do sector industrial, mas mais em empresas de pequena e média capitalização. “Temos estado a investigar as oportunidades na periferia do sul da Europa, onde temos observado ideias nas infraestruturas”, admite. Em qualquer caso, o gestor resume assim a sua filosofia de investimento: “Concentrando-nos em empresas que se dedicam a fazer apenas uma coisa e a fazem muito bem, com uma vantagem forte e sustentável, achamos que podemos acrescentar valor”.