Mercados fronteira: quão viável é esta solução?

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Maciej Dakowicz, Flickr, Creative Commons

Muitos dos países desenvolvidos continuam a lutar perante condições como o peso da dívida pública e privada, sistemas políticos disfuncionais e desafios demográficos sérios. No entanto, também os mercados emergentes estão a meio de reformas dolorosas que pretendem “livrar” as suas economias do excesso de crédito e da dependência das exportações.

Num dos seus últimos relatórios com perspetivas de mercado, a BlackRock sublinha que há atualmente uma “solução” para os investidores que procuram crescimento nas suas carteiras: os mercados fronteira. “Estes mercados oferecem potencial para um crescimento económico forte com benefícios provenientes da diversificação das carteiras”, dizem Russ Koesterich, diretor geral de estratégias de investimento da entidade, e Kurt Reiman, diretor de estratégias de investimento. Os dois especialistas deixam ainda alguns ponto chave que vale a pena reter no que concerne aos mercados fronteira.

Traçar um rumo

Ainda que muitos dos países dos mercados fronteira sejam considerados pobres, “o teste verdadeiro para um mercado fronteira é o estado dos seus mercados financeiros; no geral eles são menos desenvolvidos e menos líquidos, mais concretamente ao nível do mercado de ações local”, referem. No entanto, sublinha-se que os mercados fronteira tanto incluem países abastados, como é o caso do Kuwait, como outros mais pobres, como o Bangladesh ou o Quénia.

“Em busca do ouro”

Outro dos benefícios dos mercados fronteira é o facto de ainda não terem entrado na fase de crescimento, que pressupõe reformas económicas que se tornam mais difíceis de implementar. “Estes países podem aproveitar a ampla restruturação de baixo custo que se está a efetuar, para se tornarem mais integrados ao nível da manufactura global”, escrevem.

“A flutuar no espaço”

Ainda que tenham sido poucos os mercados de ações que foram “poupados” durante a crise financeira, os mercados emergentes conseguiram recuperar durante os anos de 2010 e 2011. No entanto a tendência reverteu-se, avisam os especialistas da BlackRock. “Os mercados fronteira e os desenvolvidos superaram ambos os mercados emergentes por uma margem ampla desde o início de 2012”, afirmam. A acrescer a isto, está ainda o facto destes mercados terem uma grande concentração no sector financeiro. “Enquanto os retornos dos mercados fronteira podem ter uma baixa correlação com os retornos dos mercados de ações desenvolvidos, a relação com o mercado financeiro a nível global é bastante mais forte”, inferem

Riscos subjacentes

Apesar dos benefícios dos mercados fronteira, a BlackRock não esquece alguns dos riscos destas regiões. A baixa liquidez é uma das contrapartidas dos mercados fronteira. “Os mercados fronteira detêm apenas uma porção da liquidez que se pode encontrar em mercados mais maduros, como é o caso dos mercados desenvolvidos”. A recuperação e a melhoria nos mercados emergentes é também apontada como possível elemento prejudicial para os mercados fronteira, “minando, eventualmente, algum do entusiasmo relativo aos mercados fronteira”. Finalmente não é esquecida a crise bancária global. “Tendo em conta a forte exposição que estes países têm ao sector financeiro, outra crise bancária como a de 2008-2009, pode ter um efeito deformante na exposição aos mercados fronteira”.