Mercados emergentes: os mais afetados pelo hard landing chinês

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friendship bracelets, Flickr, Creative Commons

No último “Economic and Strategy Viewpoint” publicado pela Schroders, Keith Wade, economista-chefe, Azad Zangana, economista sénior para a Europa e Craig Botham, economista para os Mercados Emergentes, dão a sua opinião sobre diversos assuntos, nomeadamente o impacto macro da Chia, a crise na Zona Euro e ainda o factor moeda dos mercados emergentes.

Sobre o mercado chinês, os profissionais da gestora internacional acreditam que os riscos da ‘cauda’ têm vindo a aumentar. A China tem andado “nas bocas do mundo” desde do início de agosto, com o foco a ser nos seus mercados financeiros. Realçam, também, o facto dos “mercados emergentes serem os mais afetados pelo hard landing da China, embora os mercados desenvolvidos tenham sofrido uma queda de 0,5% de crescimento do PIB anual”. Ainda assim, a queda do PIB nos mercados emergentes é de 2% por ano.

Esta preocupação com o hard landing é o maior risco para as carteiras dos investidores e a própria comissão de alocação de ativos da Schroders tem essa preocupação juntamente com a decisão da FED não ter mexido nas taxas de juro.

Ainda sobre a economia chinesa, os especialistas ainda vêm uma “desaceleração gradual e não o colapso do país”, como se pode ver no gráfico abaixo. Os especialistas afirmam, também, que a “China está a experimentar uma desaceleração estrutura controlada”. No entanto, já se estão a “sentir alguns efeitos económicos na indústria do aço que pode ajudar a pressionar a inflação”. Em relação aos bancos centrais, vão “continuar a manter as taxas baixas por mais tempo, embora “estejam a preparar novas medidas de estimulo fiscal que devem ser notadas nos dados referentes ao último trimestre do ano”.

O abrandamento da economia chinesa coincide com a crise dos refugiados na Zona Euro. Para os autores da publicação, os “números mais recentes auguram coisas boas para a segunda metade do ano, no entanto as preocupações com a China atingiram fortemente as bolsas europeias”. Sobre os refugiados, afirmam que o problema passou de uma crise humanitária para uma crise política, sobretudo devido às quotas impostas para o número de refugiados que cada Estado-Membro vai receber. Ainda assim, “o impacto macro é positivo a curto prazo e vai aumentar os gastos fiscais. Já no médio prazo poderá ajudar no desafio europeu sobre a demografia”.

Em termos económicos, as noticias tem sido positivas. A estimativa para o PIB foi atualizada e revista em alta para o primeiro e o segundo trimestre do ano. A previsão para o aumento do PIB, em termos homólogos, é de 1,5%.

A underperformance relativa dos mercados emergentes em comparação com os países desenvolvidos é um tema muito discutido. Os especialistas da Schroders afirmam que “a maior parte do mau desempenho decorre da menor procura por parte dos mercados desenvolvidos por bens e serviços exportados pelos mercados emergentes”.

Para os mercados emergentes os especialista questionam se o facto da queda nos câmbios vai salvar os emergentes. “Em toda a Ásia, Europa e América do Sul a história da exportação dos mercados emergentes é desastrosa. Das 19 economias emergentes que seguimos, apenas uma registou desempenho positivo das exportações em julho”, pode ler-se na publicação. Existem alguns pontos que sublinham esse aspecto, nomeadamente o facto de “haver pouca procura global e nalguns casos uma recessão global”. Os especialista reforçam esta ideia com o facto do “aparente fracasso da desvalorização da moeda para impulsionar as exportações , já que quase todas as moedas dos países emergentes depreciaram de forma acentuada, face ao dólar, nos último ano”.