Mercado acionista europeu: o que propõe algumas gestoras internacionais?

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Mike Clements, gestor do Franklin European Growth Fund, é um investidor convicto de uma abordagem centrada nos fundamentais. Não lhe interessa o país no qual esteja cotada a ação, mas sim o balanço da empresa. "Não fazemos distinções entre Espanha (periféricos) ou Alemanha pela situação macroeconómica que vive cada país. Procuramos empresas que estejam cotadas a preços baixos e com forte potencial de crescimento, partindo sempre de uma perspetiva de investimento a longo prazo". Clements gere um fundo muito concentrado, composto habitualmente por 30 empresas de grande capitalização no qual, segundo explica, só cabem as melhores ideias de investimento. "Para encontrá-las, o importante é compreender a(s) razão(ões) de sucesso da empresa", refere o gestor da Franklin Templeton.

Andreas Zollinger, cogestor do BGF European Equity Income Fund, revela que durante muito tempo na BlackRock tinham pensado que não havia necessidade de ter medo da Europa. "Na nossa opinião, é pouco provável que se produza una ruptura da Zona Euro e acreditamos que é um bom momento para os investidores olharem para lá do ruído dos mass media de forma a visualizar o que realmente se está a passar com as empresas europeias. Relativamente às avaliações e aos dividendos que oferecem, atualmente as ações europeias parecem relativamente atrativas quando comparadas com a maioria das classes de ativos, como as ações asiáticas ou norte-americanas, ou os mercados tradicionais de obrigações", indica o especialista.

Há realmente potencial ou trata-se de uma armadilha?

Uma das perguntas mais frequentes dos investidores é se existe um potencial de valorização real na Europa ou se se trata de mais uma armadilha. A UBS Global AM identifica três áreas de potencial de crescimento na região. A primeira, que os negócios que acrescentaram maior valor, os situados no primeiro quartil, conseguiram melhorar os seus resultados durante a crise. "Consideramos que é uma tendência de longo prazo, dada a importância da qualidade. Este tipo de empresas, líderes mundiais nos seus sectores, estão a preços de desconto comparativamente à sua média histórica".

A segunda maneira de aproveitar a recuperação é posicionar-se em empresas com exposição à procura doméstica; isso sim, evitando as mais alavancadas e com modelos estruturais fragilizados, pois aí é onde reside a armadilha. A terceira tendência relaciona-se com o sistema financeiro, um dos sectores mais castigados pela crise. Uma vez aplicados os critérios de Basilea III, recapitalizados e com os seus balanços em bom estado de saúde - embora sejam esperados mais ajustes - no UBS Global AM afirmam que começaram a ver "alguns bancos a retomar o pagamento de dividendos" e destacam "o momento positivo do sector no que refere aos resultados (lucros)". O fundo estrela da gestora é o UBS (Lux) Equity SICAV - European Opportunity Unconstrained, gerido por Max Anderl.

Diferentes estratégias

Apesar da maioria das entidades apostarem por fundos que investem em empresas de grande ou média capitalização, algumas entidades como a Amundi escolhem como primeira opção fundos como o Amundi Funds Equity Euroland Small Cap, ao entender que as empresas europeias de pequena capitalização podem ter uma grande exposição ao crescimento global, beneficiar-se da reactivação do ciclo de fusões e aquisições e contar com um maior crescimento dos lucros relativamente às empresas de grande capitalização.