“Like a Rolling Stone… ”

Jorge_Botelho_BBVA
Vitor Duarte

Não podemos ser indiferentes ao propósito da mudança, que está incrustado em toda obra poética e musical de Bob Dylan: “The Times They are A-Changin”.

Neste ambiente global em que “Most of the Time” tudo se transforma, é importante saber o que fazer com o nosso património, num mundo de escassas oportunidades de investimento, pois que cada vez mais “Money, Just Allow One More Chance”.

Neste último trimestre, muitos investidores começam a abandonar timidamente “Shelter From the Storm”, uma vez que estamos a chegar ao fim do “Desolation Row”. Sem ou “With God On Our Side”, identificamos que as grandes tendências que emergiram no pós crise não são “ Visions of Johanna”, nem tão pouco a “Series of Dreams”. Tão pouco achamos que é altura de tocar radiantemente os “Chimes of Freedom”, tanto mais que, “Tomorrow is a Long Time”, mas sem dúvida que, também chegamos a uma conclusão óbvia que, aquilo que nos querem constantemente passar de que “Everything is Broken”, não é verdade.

O investidor não precisa de “Knockin' on Heaven`s Door” para encontrar oportunidades para investir e começa a interiorizar que em “My Back Pages” existem alguns fundamentos para uma visão construtiva no médio e longo prazo em ativos de risco.

O vigor da procura endógena da economia global continua a insinuar-se e a principal fonte de desestabilização da atividade económica, os “Masters of War”, começa a dar importantes sinais de perda de intensidade.

Na verdade, o Brexit não foi nem o “I Shall be Released” para uns, nem tão pouco o “This Wheel`s on Fire” que tanto se temia para todos. As consequências começam a ficar delimitadas e já se ouve a Dama Euro a dizer:

 - “It Ain't Me Babe”, portanto encontra agora tu o teu caminho “Oh, Sister”.

Enquanto, do outro lado do canal deixou-se de ouvir a Dama de Honor dizer à Rainha:

- “ It's Alright, Ma”.

Do mesmo modo que, o grande risco que emergia do outro lado do atlântico, onde se temia que “A Hard Rain`s A-Gonna Fall”, começa agora a dissipar-se. Recentemente a audição da voz feminina acabou por se impor com o “Just Like a Women”. Ao que consta, “Mr Tambourine Man” foi pouco feliz ao cantar de forma abusiva e desafinada o “Lay Lady Lay”

É verdade que nem tudo está resolvido. Persistem algumas razões para que, de um momento para outro tropecemos no “Tangled Up in Blue”, uma vez que, a Dama Euro anda sempre demasiado “Blowin in the Wind”. Mas também já não faz sentido, estar sempre à espera do “Hurricane”. No final, tudo não passa de tempestades tropicais e na realidade há que assumir que “All Along the Watchtower” os principais riscos políticos se dissiparam. Por seu turno, do ponto de vista económico há que ter em conta que “Things Have Changed”. De facto, o maior risco económico que, corrompia silenciosamente como um “Subterranean Homesick Blue”, a deflação, começa a dar sinais de esmorecer e a ficar “Beyond the Horizon”.

A atividade da economia global mantém-se a crescer na vizinhança dos 3% e assemelha-se cada vez mais a uma “Tight connection to My Heart”, com o êxito que a política monetária obteve ao bombear “Blood on Tracks”. Este sucesso da política monetária também significa que grande parte da sua utilidade já chegou “End of the Line”, como temos vindo a referir, chegámos a um ponto de “Too Much of Nothing”. Agora é altura certa de deixar entrar gradualmente o “Slow Train” da política fiscal, através de incentivos e planos de infra-estruturas assertivos, para empurrar a economia “Down the Highway” e garantir que o investimento entre “ On the Road Again”.

Para o investidor, o segredo está na paciência de “Watching the River Flow”, e de não estar deprimido e cegamente à espera de algo ruim que aconteça, “Don`t Think Twice, It`s All Right”. Há que ter noção das nossas limitações, mas não há que ter receio da nossa condição humana de sermos e vivermos: “ Like a Rolling Stone”!!

“Some people feel the rain. Others just get wet”- Bob Dylan