Impasse ultrapassado mas há perigos no horizonte

Definitivamente os mercados gostam do Quantitative Easing, aliás até parece que todos, inclusive políticos não desejam o seu terminus tão cedo. Pelo menos é o que pode transparecer do impasse politico que terminou a semana passada e que é agora utilizado ostensivamente como justificação para um adiamento da redução dos estímulos por parte do FED, tendo já sido adiantado por algumas casas de investimento o mês de Março como timing provável para tal

A bem da verdade numa altura de mudança de Presidente do Banco Central norte-americano e prestes a entrar naquela que é estatisticamente uma boa fase dos mercados em termos de rentabilidade não era previsível dar andamento a um movimento que vai inevitavelmente trazer pressão vendedora. Adiou-se o problema mas não se o eliminou o que aconselha ter essa variável sempre em consideração quando se executa decisões de investimento de médio ou longo prazo, até porque entrar em posições longas em máximos de sempre, historicamente não é prelúdio para uma performance acima da média

Paralelamente as noticias que chegam da China são no mínimo preocupantes, o mercado imobiliário está no estágio final do rebentamento de uma bolha, tal como indicou uma reportagem do conhecido programa 60 minutos, que nas palavras do maior construtor habitacional do mundo “o mercado está numa bolha e já muitos empresários estão em grandes dificuldades por falta de capital”. Já esta semana um estudo da Morgan Stanley mostrou que a alavancagem das empresas chinesas controladas pelo estado duplicou de 2007 a 2013 para valores próximos das 3.7 vezes no rácio Dívida/EBITDA, tornando-se assim no maior a nível mundial

Qualquer instabilidade na segunda maior economia mundial irá ter consequências nas principais economias emergentes que têm recolhido enormes proveitos da venda de matérias-primas usadas para sustentar o crescimento do gigante asiático. Caso tal suceda a curto prazo poderá ser mais uma justificação para a continuação do Quantitative Easing, nesse caso por um tempo indeterminado

Na análise técnica (gráfico) destaque para o bom andamento do EUR/USD para atingir o objectivo de 1.43 que indiquei no passado.