Gestoras prevêem contexto económico fraco até final do ano sobretudo na Europa

As gestoras portuguesas consideram que o contexto económico nas principais economias deverá manter-se fraco até final do ano, sobretudo na Europa, onde estimam que tal se prolongue em 2013. Mas apesar das incertezas e riscos  que deverão persistir na viragem do ano, apontam alguns sinais positivos.

“O último trimestre deverá confirmar um contexto macro mais fraco, nomeadamente na Europa, que se deverá prolongar no próximo ano”, refere Susana Vicente, ‘head of investment department’ da ESAF, à Funds People Portugal. A Millennium Gestão de Activos acrescenta que, quer as economias com maior potencial de crescimento, como a chinesa e a brasileira, quer as mais maduras, como a alemã e a americana, “mostram, desde já, alguns sinais de abrandamento”, pelo que, “até ao final de 2012, o crescimento económico global deverá abrandar”.

No caso concreto da Europa, sublinha, o enquadramento macro “continuará a denotar pouco dinamismo devido, em parte, ao processo de desalavancagem e às medidas de austeridade orçamental que estão a ser implementadas”. Dado o ritmo verificado até aqui na tomada de decisões e implementação de medidas, acrescenta a gestora do grupo BCP, “parece-nos que a conjuntura política e económica que envolverá a Europa não terá grandes desenvolvimentos até final do ano”.

Virgílio Garcia, da BPI Gestão de Activos, destaca que o mercado europeu beneficiou do programa de compra de dívida soberana pelo BCE, bem como do comprometimento deste na defesa do euro, mas alerta também que “permanecem ainda riscos associados à implementação do esforço de consolidação orçamental nos países incluídos no plano de resgate, bem como incertezas quanto às condições de um eventual resgate a Espanha e eventual contágio a outras economias”.

Para José António Gonçalves, director da Montepio Gestão de Activos, este é um “aspecto crítico”, porque, no imediato, “um pedido de auxílio pela Espanha coloca mais dificuldades à Europa como um todo na solução do problema dos países ‘periféricos’; e, num segundo momento, porque medidas de contracção da economia espanhola terão uma repercussão imediata na economia nacional”.

Comportamento dos mercados financeiros

Apesar deste cenário existem perspectivas mais positivas, nomeadamente para os mercados financeiros, dependentes de ser conseguido algum patamar estabilidade.

Pedro Mello e Castro, administrador da Banif BI e Gestão de Activos, refere que o nível de actividade económica global “apresenta sinais de estabilização” e que os mercados financeiros “poderão prosseguir a trajectória ascendente dos últimos meses, caso haja uma estabilização na situação política e financeira em Espanha e um desfecho favorável nas negociações nos EUA com vista a estabelecimento da política fiscal a partir de 2013”.

No caso da Europa, Virgílio Garcia salienta ainda que, “um progresso visível nas negociações entre os parceiros europeus tendentes a uma integração bancária e à prossecução de políticas de estímulo ao crescimento, serão também factores de sustentação” do mercado europeu. Susana Vicente acrescenta igualmente que, o comportamento dos mercados financeiros tenderá a estar suportado “em função das fortes políticas monetárias expansionistas e medidas não convencionais por parte dos diferentes bancos centrais”.

A Millennium Gestão de Activos adianta que os mercados deverão manter-se voláteis, “influenciados pela evolução da crise da dívida soberana”, e que as empresas, “que ao contrário dos Estados, vêm apresentando fundamentais mais equilibrados, poderão mais cedo ou mais tarde evidenciar o impacto das elevadas dívidas soberanas e dos excessivos défices orçamentais”.