Fundos indexados versus ETFs: a grande batalha que se trava por causa da supremacia na gestão passiva

Linhas, cores, agulha
eileeninca, Flickr, Creative Commons

No final de 2016 o património investido em fundos indexados na Europa alcançava os 576.000 milhões de euros, segundo dados da Morningstar. Tratam-se de 30.000 milhões a mais do que tinham nessa data os ETF, o que significa que já há mais de 1,1 biliões de euros na Europa em estratégias de gestão passiva. Isto é uma novidade. Outra poderá acontecer este ano, já que 2017 poderá ser o ano em que os ETFs poderão superar pela primeira vez na história os fundos indexados em volume. Isto é algo difícil se se mantiver o ritmo similar de captações registados por ambas as categorias em 2016 (os ETF atraíram 48.000 milhões, que comparam com com os 44.000 dos fundos indexados), apesar do facto dos ativos alocados a ETFs estarem a ponto de exceder os de fundos-índices, e isso já ser um sinal de que os investidores apreciam a flexibilidade e a opção oferecida pelos ETFs, dizem da Morningstar.

Esta “ultrapassagem” já aconteceu no número de produtos disponíveis, onde a soma de ETF cotados nas bolsas europeias (2.373) quase triplica o de fundos indexados (965). “Não nos podemos esquecer que os ETF são uma evolução dos fundos índice (nascidos à vinte anos atrás), que respondem a uma necessidade diferente. Os primeiros fundos índice viram a luz do dia depois de uma série de estudos que mostravam que a maioria dos gestores de fundos não conseguia bater os seus mercados de referência a longo prazo. Os ETF responderam à procura de um grande número de investidores institucionais de forma a poderem negociar grandes quantidades de ações durante a sessão, especialmente em períodos de elevada volatilidade do mercado”, explica Hortense Bioy, responsável europeu de análise de gestão passiva na Morningstar.

Atualmente, ETFs e fundos indexados travam a batalha pela supremacia na gestão passiva. Em 2016, dos 10 fundos de gestão passiva que mais captaram sete foram ETFs e três fundos indexados. Embora possam parecer estratégias similares, apresentam diferenças importantes. Tal como explica Bioy, os ETF e os fundos índice têm um objetivo comum – replicar a evolução de um índice -, mas as suas caraterísticas e a sua utilização são distintos. “Em primeiro lugar, os ETFs são fundos cotados em bolsa e negoceiam em tempo real, tal como as ações, enquanto que os fundos índice subscrevem-se e regatam-se tal como acontece com os restantes fundos de investimento: as suas participações podem vender-se ou comprar-se ao final do dia ao valor liquidativo correspondente”, afirma Bioy. Isto tem consequências importantes, sobretudo no que diz respeito aos custos.

Em média, os ETFs têm menores custos do que os fundos de índice, mas os ETFs enfrentam uma série de gastos adicionais relacionados com a sua própria transação em bolsa, especialmente em termos de custos de transação. Estes podem ser afetados pela rotação do índice que seguem, e pela diferença entre o preço pedido pelo vendedor e o oferecido pelo comprador (o chamado spread), que depende da liquidez subjacente. “A principal vantagem dos fundos índice em relação aos ETF é a sua simplicidade, no entanto, podem ser mais caros”, comenta Hortense Bioy. “Pelo contrário, a vantagem chave dos ETF em comparação com os fundos índice é a sua flexibilidade e a sua gama de produtos. Com quase 2.300 ETF apenas na Europa, o investidor tem acesso hoje a quase todos os ativos, geografias e indústrias imagináveis. Em termos de qualidade da réplica, os ETF também oferecem, muitas vezes, melhores resultados. A análise, no entanto, deve ser feita caso a caso”, conclui.

ETFs e fundos indexados

Fonte: Morningstar Direct