Foco no risco no “desenho” de um Unit-linked

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Nuno Coimbra

A companhia de seguros Eurovida é uma das empresas que comercializa os Unit-linked para serem distribuídos pelos seus canais de distribuição. José Eduardo Bonito,  Diretor de negócio financeiro da empresa, refere que “core business da companhia sempre assentou na comercialização deste tipo de produtos. Atualmente estes representam mais de 2/3 da carteira sob gestão”, diz, explicando que existem dois tipos de Unit-linked. Os puros, “em que o risco de investimento é suportado pelo subscritor durante toda a vigência do contrato”, e os de maturidade definida, “com rendimento e capital garantido em determinadas datas pré-definidas”.

 Prioridade na segurança

Com um grande enfoque no risco, a companhia tem  “disponíveis produtos para todo o tipo de perfis e segmentos de mercado, podendo ir do perfil mais conservador ao mais arrojado”.  Nesta perspetiva, também a seleção de ativos se faz “de acordo com o objetivo e perfil de risco assumido com os clientes”, refere José Eduardo Bonito.

No entanto, o contexto que se seguiu a 2008 trouxe uma mudança, e desde essa altura “os clientes têm vindo a valorizar cada vez mais a componente de segurança com reflexo óbvio na cada vez maior representatividade dos perfis de baixo risco”, diz.

Complexo... na compreensão

Desta forma, apesar da utilização dos Unit-linked como estrutura para as carteiras de high net worth individuals ser para José Eduardo Bonito “uma tendência antiga”, atualmente tem vindo a ganhar uma dimensão mais mediática “de mass marketdevido ao “brutal aumento de impostos no enquadramento  nacional”.

Definido como sendo um produto financeiro complexo, para o Diretor de negócio financeiro da Eurovida o Unit –Linked insere-se nesta “classificação” por não ser de “fácil compreensão e/ ou avaliação para a generalidade dos investidores”. Na companhia de seguros os requisitos mínimos para que um fundo possa entrar no universo de investimento do Unit-linked passam por um processo de seleção “assente num modelo de análise top-down estruturado em três fases: linhas estratégicas de alocação, screening & scoring e quality”

Tendo como ponto de partida precisamente a definição de “produto complexo” pela entidade supervisora, José Eduardo Bonito acredita que “uma maior “convergência” entre as respetivas entidades competentes (ISP e CMVM) poderia trazer maior flexibilidade no lançamento deste tipo de produtos e uma maior clareza para os clientes no ato da decisão de investimento.