Europa: ilha de estabilidade?

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Yoko Ono official, Flickr, Creative Commons

Na conferência da semana passada levada a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi descreveu a zona euro como sendo uma “ilha de estabilidade”. Tendo em conta o historial do velho continente nos últimos cinco anos, Joshua McCallum e Gianluca Moretti da UBS Global Asset Management, apelidam tal designação de “algo exagerada”. Ainda assim, acrescentam que se as projeções do BCE não falharem, este será o mais longo período de tempo, desde a criação do euro,  em que a inflação está longe de atingir a sua meta.

Uma inflação muito baixa, dizem os especialistas, até pode soar bem, mas existem efeitos colaterais de tal situação. “Esse conceito de inflação pode enraizar-se nas expectativas e no comportamento das pessoas de tal forma, que se pode tornar a norma”. Da entidade consideram que o presidente do BCE está ciente desse facto, mas, mas ao mesmo tempo, sente que “enquanto as expectativas da inflação de longo prazo continuarem estáveis, existem poucas preocupações”.

Fora da preocupação de Draghi

Ainda que os mercados não estejam a dar sinais de alarme relativamente a esta questão, os economistas da UBS Global AM avisam que “as expectativas da inflação de curto prazo caíram significativamente, e estão no seu nível mais baixo desde a crise financeira”. No entanto, esses riscos parecem estar longe da mira do BCE.

“Focando-se apenas nas expectativas da inflação de longo prazo, o BCE pode estar a jogar um jogo perigoso”, afirmam. Em primeiro lugar porque “as expectativas de inflação de longo prazo estáveis podem não ser suficientes para evitar a deflação futura”, indicam, dizendo que “o longo prazo de hoje, pode eventualmente tornar-se o curto prazo de amanhã”.

Credibilidade do BCE a guiar mercados

Em segundo lugar, os economistas apontam que “a rigidez surpreendente nas expectativas da inflação de longo prazo, face às expectativas relativas à inflação de curto prazo está a diminuir, podendo esta estar relacionada com a credibilidade do Banco Central”. Ou seja, “os mercados podem não estar preocupados com a deflação no longo prazo porque acreditam que o BCE irá agir caso isso se verifique efetivamente”.

Por último, da gestora suíça avisam que o terceiro risco de olhar isoladamente para as expectativas relativas à inflação de longo prazo é que “as expectativas dos preços de venda das empresas e as negociações salariais na zona euro, estão muito correlacionadas com as expectativas das medidas de inflação de curto-prazo”