ETF vs Futuros: Três questões que inclinam a balança a favor dos fundos cotados

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Fernando A. Carvalho, Flickr, Creative Commons

Desde algum tempo que os fundos cotados se converteram na principal alternativa aos futuros na hora de ganhar exposição a índices de ações mas, são, realmente mais eficientes? O debate já ocorre a algum tempo e é crucial porque pode ser um importante nicho de crescimento para a indústria de gestão passiva: a iShares calcula que, só em contratos sobre índices de ações, a alocação atual em futuros supera os mil milhões de dólares.

Por esse motivo, os especialistas da equipa de gestão passiva da Deutsche Asset & Wealth Management decidiram investigar mais a fundo esta questão. Segundo a entidade alemã, que mostrou as suas conclusões na sétima publicação Passive Insights, são várias as razões que impulsionaram esta preferência pelos ETF: por um lado, a estrutura do mercado de futuros mudou consideravelmente nos últimos dois anos – entre outras coisas, uma maior pressão regulatória sobre os bancos -  e os custos de renovação (roll-over) aumentaram até cerca de 1% anualmente.

Além disso, se o investimento em futuros é fully funded, como é habitual entre os investidores a longo prazo, a posição dinheiro poderia ter um impacto substancial na sua rendibilidade, sobretudo quando as rendibilidade dos instrumentos do mercado monetário diferem dos pressupostos de taxas que descontam os preços dos futuros. A análise realizada pela Deutsche AWM revela que, ao longo dos últimos 15 anos, a rendibilidade de um investimento em letras do tesouro alemã a três meses tinha gerando 39 pontos base anuais, menos do que a Euribor a três meses, enquanto que, no caso das letras do tesouro norte-americano e a Libor a três mesed, a diferença foi de 49 pontos base anuais.

Liquidez, diversidade e baixo custo

Por último, as fortes captações que têm sido registadas no fundos cotados – que tiveram um ano record em 2014 – melhoraram a liquidez do mercado de ETF, contribuindo para a redução das comissões e para o estreitamento dos spreads. Se, em janeiro de 2012, o diferencial entre o preço de compra e de venda de um ETF rondava, em médio, os 10 pontos base; em novembro de 2014 esta diferença caiu para 6, o que supõe uma redução de 40% em três anos.

A isto soma-se, ainda, o facto dos ETF cobrirem um universo muito mais amplo do que os futuros: segundo os dados da publicação, em dezembro de 2014 existiam mais de 2.900 fundos cotados de ações em todo o mundo, frente a 250 futuros líquidos. E se se compararam produtos que replicam índices de ações de múltiplas regiões, o estudo identifica 500 ETF contra 13 futuros líquidos.

Tudo isto permite que os investidores possam utilizar os ETF para expressar as suas opiniões de forma mais dispersa e abre múltiplas oportunidades que só poderiam ser acedidas com a utilização de futuros se se aplicassem metodologias mais sofisticadas que têm desafios operacionais e de custos, concluem os especialistas.

ETF e futuros disponíveis para investir numa determinada região

Fonte: Deutsche AWM