ESMA investiga a influência da high frequency trading no mercado europeu de ações

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Stéfan, Flickr, Creative Commons

A Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) está a investigar a influência do high frequency trading (HFT) na liquidez do mercado europeu de ações. “Existe a suspeita de que a liquidez que estas empresas geram não é real e, por isso, estamos a investigar o que se denomina de ‘liquidez fantasma’”, explicava recentemente Steven Maijoor, presidente do regulador europeu, numa entrevista à Bloomberg.  Embora afirme que “a HFT deve estar devidamente regulada”, Maijoo destaca que a ESMA não planeia por esta altura proibir nem limitar esta atividade.

Radiografia do HTF na Europa

No passado mês de dezembro, a ESMA apresentou um relatório no qual analisa a atividade da negociação de alta frequência no mercado europeu de ações a partir de dados, recolhidos em maio de 2013, para uma amostra de 100 ações de nove países da UE. O relatório quantifica a atividade do HTF a partir de dois indicadores: um direto, que tem por base a identificação dos algoritmos que usam, e outro indireto, baseado em estatísticas como o prazo durante o qual mantêm as posições ou o rácio de ordens por volume negociado.

“Os resultados do primeiro indicador representam o limite inferior da atividade do HFT, já que não incluem as executadas pelos bancos de investimento; isto enquanto que o segundo indicador representa o limite superior”, explica o relatório. A combinação de ambos os indicadores “permite estimar o nível global de atividade da nossa amostra e, para além disso, identificar que participantes do mercado estão a realizar HTF”.

Na amostra realizada pelos especialistas da Unidade de Economia e Estabilidade Financeira da ESMA, 24% do volume negociado corresponde a HFT se se aplicar o primeiro indicador – empresas cujo principal objecto de negócio é a HFT -, uma soma que aumenta até aos 43% se for o segundo indicador o aplicado – a vida média das posições. Estes volumes correspondem, respetivamente, a 30% e 49% das posições, e a cerca de 58% e aproximadamente 76% das ordens. “As diferenças nos resultados explicam-se principalmente pela forte atividade da banca de investimento, que aparece refletida no segundo indicador, mas não no primeiro”.

O relatório assinala, para além disso, que o nível de high frequency trading está vinculado à capitalização de mercado – quanto maior capitalização, maior atividade – e varia segundo o centro de negociação: “As empresas que se dedicam a HFT costumam participar em mais plataformas de negociação que outros tipos de participantes do mercado, o que, entre outras coisas, poderá indicar que são mais propensas à arbitragem entre centros de negociação”.

Por último, o relatório realça que o método empregue para estimar o nível de atividade de HFT influência significativamente os resultados, e propõe-se assim a analisar numa segunda entrega, os factores que impulsionam a atividade da HFT, os potenciais riscos e benefícios e a sua contribuição real para a liquidez.