Em que investe a rainha de Inglaterra?

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babasteve, Flickr, Creative Commons

Está mais do que claro que os muito ricos não investem como o resto dos mortais. É que se um determinado património inclui castelos, coroas, diamantes famosos como o Koh-i-Noor ou o Cullinan (que foi o diamante talhado maior do mundo até 1985) e coleções de arte de valor incalculável, a alocação de ativos complica-se. Coincidindo com o 63º aniversário do reinado de Isabel II – é a monarca que mais tempo tem no trono britânico depois da sua tetravó, a rainha Victoria -, o Financial Times analisou afinal em que investe a rainha de Inglaterra.

Para começar há que ter em conta que grande parte dos bens têm fidúcia, são difíceis de avaliar e bastante ilíquidos. Ainda assim, a carteira mostra uma tendência de proteção face à inflação. “Embora não exista um índice para as joias da coroa, o preço da libra esterlina dourada multiplicou-se para o dobro em termos reais”, explica o jornalista James Mackintosh. “Os diamantes não tiveram uma evolução tão favorável e os preços subiram menos do que a inflação”.

A jóia da coroa

No entanto, a autêntica joia da carteira monárquica é a real coleção de arte. Segundo Christophe Spaenjers, professor de finanças na prestigiada Escola de Estudos Superiores do Comércio (HEC Paris), o preço da arte leiloada em Londres multiplicou-se em mais de 500 em termos nominais e em cerca de 20 em termos ajustados à inflação, desde1952, ano de proclamação de Isabel II. Em comparação, o preço dos gilts britânicos, multiplicaram-se cinco vezes nesse período, assumindo-se que os cupões eram reinvestidos. “Com uma rentabilidade real de 3% ao ano, a arte foi uma das classes de ativos que melhor se comportaram no último século, muito à frente das obrigações”, aponta Mackintosh.

Outra da componente da carteira que registou uma bom comportamento foram as propriedades imobiliárias, tendo em conta que a revalorização dos títulos da nobreza nos últimos sessenta anos foi similar à das ações (sem incluir dividendos). Contudo, “gerir propriedades é caro, são muito mais difíceis de vender do que as ações e, embora não conheçamos os dados exactos, é provável que as rentabilidades líquidas dos alugueres sejam inferiores às dos dividendos”, diz o especialista.

O grande ponto de debilidade desta alocação? A falta de diversificação geográfica: “Inclusivé os investidores mais patrióticos são conscientes da necessidade de incluir ativos estrangeiros na carteira para diversificar o risco”. No entanto, parece que a rainha de Inglaterra peca pela inclinação para o que é nacional, já que “está demasiado concentrada no Reino Unido”, conclui.