É tempo de investir em commodities?

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Cedida

Pode dizer-se que as commodities têm sido um ativo “esquecido” nos últimos tempos, principalmente no que refere ao investimento feito por fundos. Será que chegou o momento de se repensar a estratégia em relação a esta classe de ativos?

O gráfico abaixo demonstra que os ciclos de preços nas matérias-primas têm vindo  a oscilar em períodos de cinquenta anos, que são transversalmente marcados por crises geopolíticas. Inevitavelmente, e pelos constrangimentos que habitualmente subjazem a este tipo de eventos, os preços das matérias primas tornam-se mais voláteis. Mas mais do que a volatilidade, há que sublinhar a importância destes factores geopolíticos no aumento dos preços das commodities. Os exemplos mais simples são bem demonstrativos: um mero conflito pode interromper o transporte de uma matéria prima, bem como a sua produção. Recorde-se o caso da Ucrânia, que “mexeu” com a distribuição do gás, e consequentemente com o seu preço. 

Desde o início do ano que o investimento em commodities tem apresentado uma recuperação assinalável. Por isso, consideramos que olhar para as matérias primas começa a ser um foco de interesse, que é justificado por vários motivos. Se a já falada crise geopolítica confere uma grande atratividade nesta classe, também a melhoria do sentimento económico é favorável ao investimento em matérias primas. Para além disso, realce-se a crescente injeção de capital nos mercados que tem conduzido ao que se pode apelidar de uma euforia financeira, que abre uma porta ao investimento em commodities. 

Entre 1976 e 2011, no mercado norte-americano, sempre que a inflação subiu muito, a rentabilidade das commodities conseguiu resultados bastante positivos, crescendo 19,8% em termos médios. Perspetivando-se que na Europa a inflação também vá subir durante os próximos anos, o investimento em matérias primas pode ser favorável.

Numa carteira, a utilização de commodities pode então configurar-se como benéfica, nomeadamente ao nível da diversificação dos investimentos. O investimento nestes ativos pode conduzir a uma proteção contra as oscilações da inflação, mas também permitir uma maior exposição ao crescimento económico mundial.

Tendo em conta o atual momento de mercado, parecem estar reunidas as condições para que as commodities voltem “à ribalta”.