“Discrepância evidente” entre risco e retorno esperado em FEI

A versatilidade permitida pelos fundos especiais de investimento(FEI) tem tornado estes numa das preferências das sociedades gestoras, mas a CMVM alerta para  questões relacionadas com estes produtos de investimento.

No “Risk Outlook”, de Dezembro de 2012,a entidade de supervisão refere que, desde há alguns anos, diversos grupos financeiros “têm vindo a lançar FEI (alguns destes incluindo activos ligados ao mesmo grupo financeiro)" ; um fenómeno que, salienta, encontra alguma justificação “na discricionariedade permitida por este tipo de fundo e no ainda nível muito elevado de iliteracia financeira, que leva o típico investidor de retalho a ser propenso a maior influência pela força de vendas".  

E acescenta: “vemos que num importante número de casos há uma discrepância evidente entre o risco tomado e o retorno esperado”, salienta a CMVM, no “Risk Outlook”. Algumas das razões para o forte compromisso das instituições financeiras em promover os FEI, acrescenta, “poderão ser obter financiamento mais fácil para a empresa-mãe do grupo (com crescimento risco de crédito para os tomadores do fundo), juntamente com a internalização de comissões em cascata”.

Indústria decresce, ‘private equity’ dão sinal positivo

Numa análise mais abrangente é referido no relatório que a actividade da indústria portuguesa de gestão de investimento “continuou a decrescer durante 2012”, com o total de activos sob gestão até Outubro a ser menos 18% que o montante registado no mesmo mês de 2011.

Quanto ao investimento colectivo, que representava 46% do total em 2011, “continuou a perder terreno, tendo decrescido para 44% do total de activos”, em Outubro de 2012 (não inclui fundos de ‘private equity’, por não haver dados disponíveis para este ano, e fundos estrangeiros, que representam cerca de 1% do total). Contudo, é referido no relatório, “este decréscimo deve-se a tendências em negócios de securitização de activos, que têm privilegiado veículos de obrigações em vez e fundos”.

No “Risk Outlook”, a CMVM sublinha que existem várias tendências que continuam a afectar os activos sob gestão, na actividade de gestão de investimentos, as quais incluem “mercados de acções europeus tensos, crescente concorrência dos depósitos dos bancos a retalho, que tentam cumprir os requisitos de capital e alavancagem, as vendas directas de obrigações e um decréscimo no rendimento disponíveis das famílias devido à actual recessão”.

Pela positiva é destacado no relatório o desempenho da indústria de ‘private equity’, que tem assistido a “tendências positivas em 2012, influenciadas sobretudo pela desalavancagem dos bancos domésticos”, uma tendência que a CMVM crê que se terá reforçado no segundo semestre deste ano.