Credit Suisse: “Os activos de risco continuam suportados tanto pelas políticas monetárias como pelo crescimento da economia mundial”

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Nuno Coimbra

Crescimento pode dizer-se que é a principal caraterística que se espera das grandes economias mundiais. Pelo menos essa é a perspetiva da unidade de private banking do Credit Suisse em Portugal, que, à Funds People, traçou as principais previsões do que se pode esperar para o novo ano.

Mercado europeu: maior potencial de subida mas mais riscos

Relativamente aos EUA - principal motor de crescimento da economia mundial – é esperado um crescimento próximo dos 3%. “Mantém-se uma tendência superior à média de crescimento dos últimos 5 anos (2,2%), enquanto que o dólar deverá apreciar contra o euro, sendo esperado que o euro/dólar se situa nos 1,15 no final de 2015”, indicam. Ainda que com um crescimento que apelidam de frágil, também a zona euro poderá regressar a uma progressão económica, que estimam de 1,3%, já que o BCE está “motivado para desvalorizar o euro e para aumentar a compra de activos”. Entendem que sendo o mercado acionista europeu “o que tem maior potencial de upside, é também aquele onde se concentram os maiores riscos para a economia mundial”.

Na China, por outro lado, esperam um crescimento de 6,9% “enquanto o PBOC mantiver a sua política de alargamento das bandas de variação do yuan, permitindo uma eventual desvalorização do mesmo, para contrapor ao arrefecimento da economia doméstica”. Antecipando o regresso do Japão ao crescimento no próximo ano, mais concretamente na ordem dos 1,4%, muito por causa do aumento da taxa de imposto sobre o consumo, do Credit Suisse esperam que o “iene continue a desvalorizar-se fortemente, sobretudo contra o dólar, dada a divergência de políticas monetárias no Japão e nos Estados Unidos”.

Relativamente ao cenário de taxas de juro próximas de zero, da instituição acreditam que as principais economias a beneficiar deste contexto são aquelas “cujo crescimento e emprego justificariam taxas de juro mais elevadas”, como é o caso dos EUA e da Alemanha, que “são dois bons exemplos de economias que neste momento beneficiam desmesuradamente de um nível de taxa de juro demasiado baixo para os níveis de actividade económica nesses países”.

Ativos de risco: com vários suportes

Perante o ambiente esperado para 2015, a equipa do Credit Suisse entende “que os activos de risco continuam suportados tanto pelas diversas políticas monetárias como pelo crescimento da economia mundial e ausência de pressões inflacionistas”. Apesar das fortes valorizações das ações em mercados como o norte-americano, da entidade creem que as ações “deverão continuar a beneficiar deste ambiente monetário expansionista, enquanto que em renda fixa teremos de ser selectivos nos segmentos e prazos onde podemos apostar  (mais dívida em euros do que em dólares, segmentos como dívida subordinada de empresas e bancos (em euros) e evitamos investment grade, sobretudo com duração longa)”, referem.

Alocação e precauções

No mapa estratégico da entidade, sublinham “o posicionamento forte em acções europeias, norte-americanas e asiáticas - por esta ordem”, enquanto que no campo das obrigações vão ser “muito selectivos nos riscos de crédito e taxa de juro”. Como forma de complemento, anteveem uma maior “exposição a investimentos alternativos, como é o caso dos hedge funds e mantemos a nossa aposta na valorização do dólar vs euro, através da compra de activos denominados na moeda norte-americana”.

Em matéria de cuidados a ter para 2015, o Credit Suisse fala, em primeira instância,  da “não concentração em riscos únicos e activos/classes de activo cujo binómio risco/retorno seja pouco atractivo”. Consideram ao nível macro, a necessidade de “monitorizar alguma surpresa por parte das políticas dos Bancos Centrais e algum desapontamento no crescimento económico e inflação na Europa”. Não esquecem também a existência e a continuação de certos riscos políticos, como o reavivar de tensões na Ucrânia, o ISIS ou tensões entre o Japão e a China sobre a disputa de territórios e poderemos ter até novos riscos, como as eleições na Grécia, Espanha e Portugal”.  Ainda assim, os riscos dos casos enunciados terão “impactos transitórios e como tal não deverão alterar nem a trajectória de crescimento mundial nem o posicionamento das carteiras de clientes”.