Considerações dos gestores de fundos perfilados nacionais sobre a ‘confusão’ dos mercados

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jimgspokane, Flickr, Creative Commona

Muita incerteza, muitas quedas generalizadas e muita volatilidade. O início de ano tem sido marcado por todas estas palavras, que ganharam, sem dúvida, um significado ainda maior quando se olha para o mês de janeiro. Apesar dos fundos de investimento serem produtos de longo prazo, as quedas dos mercados não os deixaram imunes. Tomando como referência o mês de janeiro, fomos “ler” os comentários dos gestores de alguns fundos perfilados nacionais, deixados nas fichas online dos produtos.

IMGA Prestige Conservador e IMGA Prestige Moderado, gerido por David Pinheiro e IMGA Prestige Valorização, gerido por Pedro Vieira - IMGA

Os três fundos da casa registaram uma descida no primeiro mês do ano. Segundo as fichas de produto online escritas por David Pinheiro e Pedro Vieira “o início de ano foi muito violento para a generalidade dos ativos de risco”. Descrevem que “as ações sofreram fortes desvalorizações, os spreads de crédito alargaram de forma expressiva, e o preço do barril de petróleo manteve a tendência de forte queda”. Num contexto que foi de completa aversão ao risco, as obrigações governamentais valorizaram, “com as taxas de referência a recuarem na Zona Euro e nos EUA”. Os gestores recordam que “o BCE indicou que poderá rever a sua política monetária na sua próxima reunião, deixando implícita a introdução de novas medidas de estímulo, algo que acabou por ser bem recebido pelos mercados, e levou a alguma recuperação nos ativos de risco”, enquanto que “a Reserva Federal norte-americana não aumentou a taxa de juro e garantiu que as próximas subidas serão graduais e ajustadas à evolução da economia”.

NB Estratégia Ativa e NB Estratégia Ativa II, Paulo JoaquimGNB Gestão de Ativos

Estes dois fundos com uma componente mista (é permitido o investimento em componentes acionistas, obrigacionistas) também não foram imunes ao complicado mês de janero. Paulo Joaquim conta que “as preocupações com a economia chinesa e possíveis contágios ao crescimento global condicionaram o sentimento de mercado no mês”, sendo flagrantes os números que o comprovam: o Stoxx Europe 600 caiu 6,4% o S&P 500 caiu 5,1% e o índice doméstico chinês CSI300 caiu 21%. No mercado de dívida governamental, tal como da IMGA já referiam assistiu-se a “um período de prestações positivas, em especial da dívida core, com o destaque negativo a ir por mais um mês para a dívida grega”. No mercado de dívida privada, por seu turno existiu um acompanhamento do “sentimento negativo que dominou o mercado acionista, tendo os spreads alargado de modo expressivo no período”. Paulo Joaquim conta que no período o fundo foi ajudado pela componente de “investimentos alternativos e os futuros de dividendos do FTSE 100”. Na esfera oposta, ou seja a prejudicar o fundo, esteve “a componente acionista”, e ainda “a componente de Taxa Fixa Governamental”, com as posições curtas em futuros de dívida alemã.

NB Plano Prudente e NP Plano Crescimento, gerido por Marta Martins e NB Plano Dinâmico, gerido por Susana Vicente – GNB Gestão de Ativos

Ambas as gestoras testemunham um início de ano complicado nos mercados, como não poderia deixar de ser. “2016 começou negativo para os mercados financeiros, assistindo-se a um movimento forte de aversão ao risco, aumento da volatilidade e quedas significativas nos ativos de risco”, indicam. Lembram mesmo que “o clima de instabilidade traduziu-se, para muitos mercados, no pior janeiro de sempre desde a crise da Lehman, num contexto condicionado por preocupações com a evolução da economia chinesa, agravamento da tendência de desvalorização do petróleo, receios de um abrandamento generalizado nos emergentes, fraca visibilidade e evolução macroeconómica pouco robusta nas economias desenvolvidas”.

O NB Plano Prudente, diz a profissional, foi ajudado no mês por “posições cambiais na desvalorização do euro e iene contra o dólar”, mas também por “estratégias de proteção sobre mercado acionista via futuros curtos (exposição considerando derivados é de 6.5%)”. A prejudicar o fundo, diz, esteve por um lado “a exposição ao mercado acionista, com todas as regiões a sofreram com o movimento de aversão ao risco”, mas também “o investimento em fundos de obrigações”. O NB Plano Crescimento e o NB Plano Dinâmico, por outro lado, tiveram na sua performance a ajuda das “posições cambais na desvalorização do euro e iene contra dólar”, enquanto que “o investimento no mercado acionista foi a componente mais penalizadora”.