Como se têm comportado os hedge funds depois da vitória eleitoral de Trump?

hedge_funds_
Hedgefund Joseph Healey, Flickr, Creaative Commons

O segundo evento político de grande dimensão do ano teve, contudo, movimentos ainda menos previsíveis do que o Brexit, dada a rápida reversão dos mercados depois de se conhecer a vitória de Trump: se inicialmente as bolsas caíram e as obrigações soberanas valorizaram, rapidamente se inverteram as situações, de tal maneira que as ações norte-americanas bateram máximos históricos, enquanto que a rentabilidade das obrigações do Tesouro dos EUA aumentou. A equipa da análise Cross Asset da Lyxor AM, liderada pelo estratega senior Philippe Ferreira, observa que “os sectores cíclicos saíram-se melhor do que os defensivos, ao esperarem uma política fiscal acomodatícia para apoiar a atividade económica”. Também constatam a forte revalorização dos preços das obrigações, devido às expectativas de aplicação de políticas protecionistas e estímulos fiscais.

Neste contexto, o índice Lyxor Hedge Fund retrocedeu cerca de 0,4% na semana passada, devido ao facto de três das estratégia que segue terem registado retornos negativos. Em termos gerais, observou-se uma baixa dispersão entre a estratégias: as de baixa direcionalidade registaram perdas, sendo as Event Driven as mais afetadas (-0,6%), especialmente os segmentos de ações market neutral (-1,5%) e as de arbitragem de fusões (-1%). Por outro lado, as estratégias de obrigações foram as que permaneceram mais estáveis, com uma subida de 0,4%, impulsionadas especialmente pelo bom comportamento do high yield norte-americano. Os CTAs mantiveram-se estáveis, tanto os de longo prazo como os de curto.

Primeiras impressões

Embora a equipa aclare que ainda não dispõe de muita informação para contextualizar devidamente o comportamento dos hedge funds desde o dia das eleições, fornecem-se estimativas  iniciais sobre os cinco grandes grupos de estratégias de investimento livre que o índice segue.

A primeira delas é a queda dos CTAs de longo prazo, devido ao facto do seu posicionamento longo em obrigações “só ter sido compensado parcialmente pelos lucros na posição longa sobre ações, os longos em dólares e os longos em energia e matérias primas”.

Em segundo lugar, a equipa constata uma elevada dispersão de retornos nas estratégias Global Macro. Enquanto que as longas em divisas emergentes experienciaram perdas de entre 2% e 3%. Já os gestores que selecionaram durations curtas apresentaram ganhos. Paralelamente, alguns dos que investiram em ações obtiveram resultados nulos, porque os ganhos em índices de ações europeias e japonesas anularam as perdas nos curtos sobre índices norte-americanos.

Dentro das Ações Long Short, na Lyxor observam que os gestores com uma inclinação longa beneficiaram do rally do mercado, assim como das suas posições em títulos farmacêuticos. Por outro lado, os investidores long short de ações emergentes experienciaram inicialmente perdas na ordem dos 2%, durante o dia da eleição, e optaram por desalavancar-se “bastante agressivamente”.

As estratégias Event Driven também beneficiaram da exposição a títulos da indústria farmacêutica, mesmo de forma marginal porque “em geral, a sua baixa exposição líquida antes da eleição evitou que se juntassem ao rally do mercado”. Dito isto, da Lyxor recordam que “as implicações para a estratégia são de bastante longo prazo, e poderão ser positivas se o caminho para regulação mais restritiva seja interrompida”.

A última tendência está relacionada com as estratégias de Crédito Long Short e Arbitragem de Fixed Income. Curiosamente, a equipa de Lyxor constata que “foram resistentes, em comparação com outras obrigações de maior rentabilidade”. A equipa que Philippe Ferreira dirige estima que as estratégias de crédito long short caíram entre 8 e 15 pontos base no dia das eleições.