Como provar um Single Malt

Para começar é e necessário escolher um copo que seja adequado para cheirar e provar o whisky. Um copo de Xerez conhecido como “copita” é o ideal (cerca de 25 mm). Os copos “tulipa” ou de Vinho do Porto também são adequados. O fundamental é que fechem no bocal e que não sejam demasiado pequenos ou grandes. Muitos serão tentados a utilizar o chamado “balão” o que é errado! Nestes copos, o whisky é aquecido pela palma da mão o que vai volatilizar o álcool, escondendo os seus aromas principais.

Inicialmente deve-se analisar o aspecto do single malt. A cor pode variar consideravelmente desde incolor até quase preto, e pode dar logo indicações sobre que tipo de whisky temos perante nós. A cor resulta da maturação do whisky no casco, uma vez que o produto destilado (spirit) é incolor. As características do casco (Bourbon ou Sherry) são determinantes para a cor do produto final. No entanto e uma vez que a maioria dos single malts resulta da combinação dos dois tipos de cascos, acaba por não ser fácil identificar a predominância de um tipo de casco específico (o nariz vai ajudar). Apesar disso, um casco Bourbon confere um tom mais “cerejeira” ao whisky, enquanto um casco Sherry o torna mais “mogno claro”. Adicionalmente, um tom mais escuro indicará um single malt com mais idade pelo maior tempo de contacto com a madeira.

Antes de o provar deve-se assimilar o aroma do single malt. O elevado teor alcoólico pode anestesiar o nariz pelo que a primeira aboradgem deve ser cuidadosa, especialmente se for uma prova cega em que se desconhece o teor de álcool do whisky. Para contornar este “problema” deve-se acrescentar um pouco de água irá suavizar o álcool e evidenciar alguns aromas, “abrindo o whisky”. A água deve ser sem gás e servida à temperatura ambiente. Água fria “fecha” os aromas e gelo nem pensar! Cuidado para não se adicionar água em demasia pois corre-se o risco de perder a complexidade do whisky. Quanto mais velho for o single malt, menos água precisará.

As primeiras impressões no nariz são as que mais contam. Deve-se começar pela orla do copo e depois penetrar no seu interior. É também aconselhável respirar fundo ou descansar em vez de inalações consecutivas.

Finalmente, a prova! Este é o momento mais ansiado e o culminar de toda a experiência de provar um single malt. Com um pequeno gole deve-se fazer passar o whisky por todas as partes da língua e deixá-lo repousar na boca durante uns 20 segundos. Este é o tempo ideal para identificar todos os seus sabores principais. Os 6 grupos principais de aromas/sabores são: perfumado, frutado, turfado, pungente, maltoso e madeira. Deve-se provar sempre um whisky duas vezes descobrir todos os sabores. Os aromas mais comuns incluem baunilha, especiarias, citrinos, frutos secos e iodo. Para terminar, deve-se identificar se o final é curto ou longo, e se traz ou não novos sabores.

Lembrem-se, pessoas diferentes têm diferentes memórias olfativas e gustativas. Por isso, ao provar o mesmo single malt, certos aromas/sabores poderão ser mais evidentes para uma pessoa do que para outra. E pode mesmo dar-se o caso de se conseguir isolar um certo aroma/sabor, mas não ser capaz de identificá-lo. Depois, há os experts que conseguem “descobrir” os mais incríveis sabores que se possa imaginar. Exemplos que constam de algumas notas de prova: chocolate negro, notas de ameixas, marzipan e peras caramelizadas (Balvenie 30 Anos); caramelo, bolachas belgas e chá de jasmim (Glenfidich, Vintage Reserve 1972); casca de laranja, fruta sobremadura, noz moscada e canela (Macallan 25 Anos, Fine Oak). Confesso que os meus olfato e palato não conseguem (ainda) descurtinar tantos aromas / sabores.