Como é que os investidores institucionais europeus utilizam os ETF?

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~Behzad~, Flickr, Creative Commons

O rápido crescimento que os ETFs estão a ter na Europa explicam-se, em parte, pelo uso cada vez maior que os investidores institucionais fazem deste produto. Um estudo recente realizado pela Greenwich Associates, encomendando pela BlackRock, e realizado a 120 instituições revela que os fundos de pensões, seguradoras e gestoras de ativos recorrem a fundos cotados para conseguir uma ampla gama de objectivos, mantendo-os durante muito mais tempo do que se poderia pensar. O estudo intitulado de “ETFs: Broad Usage Increases Amongst European Institutional Investors", foi realizado através de entrevistas a 30 gestoras de ativos, 22 seguradoras e 68 fundos de pensões, e através dele podem extrair-se cinco grandes conclusões:

1. Quase três em cada quatro gestoras de fundos multiativos utilizam ETFs

É uma percentagem muito elevada. Cerca de 71% das gestoras europeias que usam fundos cotados, fazem-no nos seus fundos multiativos. Mais de um terço das gestoras usam ETFs nos seus fundos de ações, cerca de 52% afirma que recorrem aos ETFs para investir em obrigações nacionais, enquanto aproximadamente 59% os usa para aceder a obrigações internacionais. Mais de metade afirma que é “provável” ou “muito provável” que, no futuro, administrem um produto composto exclusivamente por fundos cotados.

2.  Muitas instituições mantêm ETFs durante um período de tempo considerável

Durante algum tempo considerou-se, erradamente, que os fundos cotados eram, essencialmente, instrumentos de curto prazo. No entanto, apenas 6% dos questionados costuma recorrer aos ETFs para realizar ajustes táticos e cerca de 2% usa-os para realizar alocações centrais nas suas carteiras, mantendo-os durante um mês ou mais tempo. Os fundos de pensões mantêm os ETFs durante uma média de 29 meses, o período mais longo entre os grupos questionados. O gráfico seguinte mostra a percentagem de ETFs utilizados de maneira estratégica e tática por cada tipo de cliente institucional.

3. Existem quatro factores comuns na hora de eleger um fundo cotado e o custo nem sempre é a principal prioridade

Ao perguntar quais os factores que influenciam na hora de eleger um ETF, as três classes de institucionais afirmaram que os quatro aspectos mais importantes são a taxa global de custos (TER) do fundo, a sua liquidez ou o volume de negociação, o seu índice de referência e a sua rentabilidade. No entanto, no caso das seguradoras, a liquidez dos ETFs é o factor mais importante, ao passo que para os fundos de pensões o TER é um dos pontos mais valorizados, bem como os custos destes instrumentos.

4. As seguradoras europeias utilizam os ETFs para investir nos mercados de ações à escala mundial

Cerca de 62% das empresas de seguros que utilizam fundos cotados fazem-no para diversificar as suas carteiras à escala internacional, como é especialmente o caso dos mercados de ações. 76% recorrem aos ETFs para investir em ações mundiais, em comparação com os 57% que o fazem de forma a adquirir ações nacionais. Mais de metade das seguradoras que utilizam ETFs fazem-no para investir os seus excedentes de ativos, e um terço confiam neles para investir as suas reservas.

5. Os fundos de pensões são mais propensos a utilizar os ETFs de maneira estratégica

Os fundos de pensões europeus são mais propensos do que outros grupos a utilizar os fundos cotados com fins estratégicos. Mais de metade dos fundos de pensões que recorrem a ETFs afirmaram que os usam maioritariamente de forma estratégica. Tal como as seguradoras, muitos fundos de pensões utilizam fundos cotados para efeitos de diversificação internacional (cerca de 69%). Aproximadamente 88% dos fundos de pensões inquiridos que optam por este produto preferem os ETFs de ações mundiais, quase três vezes mais do que aqueles que os utilizam para aceder às ações nacionais (cerca de 30%).

Principais aspetos nos quais se fixam os investidores institucionais na hora de selecionar um ETF (gráfico da esquerda) e principais objectivos que procuram nestes produtos (gráfico da direita). Fonte: Greenwich Associates.