Como é que os fundos multiativos enfrentam a recuperação das matérias primas

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London Commodity Markets, Flickr, Creative Commons

Segundo uma análise recente da Morningstar, “umas das consequências que o conflito da Síria teve sobre as categorias Morningstar de fundos de investimento durante o mês de Agosto foi uma revalorização quase generalizada das matérias primas”. Entre as categorias que mais ganharam no mês encontramos as especializadas em metais preciosos -o ouro ganhou cerca de 6% no mês, apesar das ações do setor dos metais preciosos e as matérias prima de metais tenham subido mais de 9%, respetivamente – Matérias primas industriais e metais (+4,2%) e Matérias Primas de Energia (+4%). Perante esta situação os gestores internacionais têm variado a exposição a fundos multiativos que investem em matérias primas?

A equipa do gestor do Amundi International Sicav (Amundi), um produto de gestão global e flexível que investe em ações, obrigações e ouro, e que foi reconhecido com cinco estrelas pela Morningstar, diz que “o futuro é incerto, pelo que a alocação em valores relacionados com o ouro é uma tentativa de proteger ao menos parcialmente a carteira dos acontecimentos imprevisíveis”. Os gestores aproveitaram a correção sofrida pelo metal dourado em Junho, que lhes pareceu excessiva, para reforçar as suas posições, sobretudo em minerais de ouro.

Klaus Kaldemorgen, gestor do DWS Concept Kaldemorgen (Deutsche Asset & Wealth Management) explica que o fundo não investe fisicamente em petróleo nem em produtos agrícolas, apesar de poder investir um máximo de 10% em produtos ETC (matérias primas cotadas) de ouro. “No último trimestre, o fundo tem acrescentado posições selecionadas em empresas petrolíferas, mineiras e de equipamentos para a mineração, e agora, precisamente, não contamos com nenhuma exposição ao ouro nem a ações de empresas mineiras de ouro”.

Outras opções de investimento

Outros fundos, como o Pioneer Funds – Multi Asset Real Return que Michele Garau gere (Pioneer Investments) optam por metais preciosos como o paládio e a platina, que representam aproximadamente 4% dos ativos do fundo. “A outra matéria prima onde investimos é em futuros de madeira, uma posição que tenho defendido desde há muito tempo e que se está a comportar bastante bem”, explica Garau.

Michele Gambera, gestor do UBS (Lux) Sicav 1- All Rounder (UBS Global Asset Management), diz que é claro que em momentos de incerteza os investidores tendem a tomar decisões de forma rápida e irracional que podem implicar um nível elevado de risco”. Por isso, o fundo não aplica estratégias táticas a curto prazo, mas a carteira vem definida pelos indicadores adiantados da OCDE.

O fundo, que utiliza principalmente instrumentos de investimento passivo como os ETF ou os derivados, e que tem cerca de 10% investido em matérias primas, está muito diversificado e procura manter um perfil de risco constante. “Com esta estratégia o fundo conseguiu suavizar os “solavancos” do mercado nos contextos mais voláteis”, aponta a casa suiça.