Com mais e melhor?

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cedida

Os preços para o novo CX-3 MY2017 começam nos 23.693€…

Mas o modelo aqui ensaiado custa quase mais… 50%!

Não propriamente por equipar com um motor mais potente ou por se tratar de uma versão Plug-in Hybrid, nada disso.

É simplesmente por se tratar de uma versão recheada de equipamento até ao teto, receber transmissão integral em lugar da convencional tração dianteira e ainda por abdicar da excelente caixa manual de 6 velocidades, em detrimento de uma automática com igual número de relações.

E perguntam-me vocês: "Então e isso justifica um preço final superior a 34.600€?"

Hum…. Passo a explicar…

Tal como na nobreza, o nome desta versão é extenso:

Mazda CX-3 1.5 Skyactiv-D 105cv 4x4 Excellence HT Leather White Navi AT (respire!).

Só por aqui, já quase que se justifica um incremento de preço relativamente a versões como Mazda CX-3 1.5 Skyactiv-D 105cv 4x2 Evolve.

Independentemente da versão escolhida, com um nome mais ou menos ‘pomposo’, o motor 1.5D é denominador comum no Mazda CX-3.

Este bloco é detentor de uma taxa de compressão invulgar para um diesel (14,8:1) e revela um apetite voraz por rotações altas! A capacidade de rodar para lá das 5.000rpm está na ordem do dia e nem por isso se torna menos suave ou isento de vibrações. Todavia, acima das 4.000rpm, o ruído que transmite ao habitáculo já é considerável, não convidando a explorar as últimas 1.000rpm disponíveis. Sugiro assim que usem e abusem dos 270Nm de binário máximo disponível entre as 1.600 e as 2.500rpm e confirmar-me-ão se, por momentos, não ficam com a ideia de que têm um motor maior debaixo do capot!
Os japoneses sempre foram brilhantes a fabricar caixas de velocidades e é aqui que lamento a troca por uma automática, sobretudo por muito ter desfrutado da versão manual que já havia ensaiado em 2015.

A automática presente neste CX-3 disponibiliza 6 velocidades e, mediante disposição,  pode ser operada manualmente, quer com o manípulo, quer através de patilhas presentes no volante. No entanto, se nada há a apontar no que toca à sua suavidade de funcionamento, espaço há para críticas quanto à sua capacidade de resposta, sobretudo nas ‘subidas’ em modo manual. Estranhamente, nas reduções, é bem mais eficaz.

A direção elétrica e as suspensões foram alvo de pequenas revisões e concluo de forma imediata que foram mais eficientes ao nível do amortecimento, dado que a presença das jantes de 18 polegadas em nada prejudica a suavidade de rolamento, mesmo quando os pisos se degradam consideravelmente.

No interior, as diferenças mais visíveis ficam-se por um novo volante, mantendo, quanto a mim, uma escassez significativa de espaços de arrumação. Valeu, neste caso, a instalação suplementar de um apoio de braço com arrumação suplementar, mas com um aspeto aftermarket, destoando do elevado nível de qualidade de construção e robustez geral.

A posição de condução é das melhores que encontrei entre estes pequenos SUV’s, sendo dos poucos casos em que não me sinto ‘em cima’ do carro, mas sim ‘dentro’ deste.

Em termos de espaço habitável e capacidade da mala, o CX-3 perde claramente para alguns dos seus rivais mais diretos, como é o caso do Honda HR-V ou Renault Captur.

No campo dinâmico, a história já é outra, mostrando o CX-3 uma enorme alegria e disponibilidade para andamentos mais vivos, incitando até a algumas ‘brincadeiras’ se devidamente provocado. Todavia, nesse campo, o seu irmão 2WD, consegue ser ainda melhor, chegando a exibir um comportamento quase sobrevirador quando provocado com a direção ou se simplesmente atrasarmos o ponto de travagem para uma curva.

Novidade para 2017 é a inclusão no equipamento de série do G-Vectoring Control (GVC). O sistema ajusta em permanência o binário do motor em função do movimento da direção para otimizar a carga vertical em cada roda, trazendo melhorias em termos de tração e agilidade.

E já que falo em tração, este modelo contava com os préstimos de uma transmissão integral, mas não só não permite aventuras fora de estrada dada a escassa altura do CX-3 ao solo, como, e em conjunto com a caixa automática, prejudica as performances deste pequeno SUV, incluindo o apetite por combustível.

A Velocidade máxima cai para perto dos 170km/h, a aceleração dos 0-100km/h para uns longos 11.9s e o consumo médio que obtive ao longo de 400kms de ensaio, pelos mais diversos tipos de estrada e em diferentes ritmos foi, 7.6l/100.

O CX-3 encanta desde o primeiro olhar e contamos com linhas muito harmoniosas, garantindo um look exterior muito dinâmico e, sobretudo, diferente!

Mas… e há sempre um ‘mas’, o interior desta versão em particular acaba por revelar-se too much em termos de escolha de materiais; aplicações em carbono no volante, portas e consola, alcântara preta nas portas e bancos, terminando com pele branca nos bancos e pele vermelha nas portas.

É para mim um caso evidente de: ‘Se podia ser simples, para quê complicar?’.

O longo nome ‘aristocrático’ e a dotação full-extras acabam por não beneficiar um excelente produto, o qual, na sua configuração mais simples, tem tudo para conquistar um leque de clientes que (ainda) privilegia o prazer de condução acima de tudo.

Veja todas as fotos na página do The Car Lounge