Cinco maiores sociedades representavam 70% do montante gerido em 2011

O relatório anual da actividade de capital de risco divulgado pela CMVM, referente ao ano de 2011, traça um panorama global do sector – ‘venture capital’ e ‘private equity’ – no país, através de dados dos operadores registados em Portugal, onde é evidente uma grande concentração da quota de mercado nos maiores operadores e a aposta na criação de fundos de capital de risco (FCR). Em jeito de balanço para posterior comparação, até porque decorrerão alguns meses de 2013 até que seja publicado o relatório deste ano, aqui ficam algumas das principais conclusões do documento de 2011.

“Continua a verificar-se uma forte concentração sectorial (as cinco maiores entidades gestoras representavam 70,4% do montante gerido)”; são elas a Finpro, com uma quota de mercado global de 19,5%, a ECS (18,6%), Caixa Capital (16,7%), Explorer Investments (9,1%) e Espírito Santo Ventures (6,5%).

No total, o valor global sob gestão por operadores de capital de risco nacionais (registados em Portugal) aumentou 12,4% em 2011 – ou cerca de 291 milhões de euros – , para 2,6 mil milhões de euros, com a quota os 10 maiores a ascender a 91,1% do total.

O crescimento registado, salienta a CMVM no relatório, “ficou fundamentalmente a dever-se ao dinamismo dos fundos de capital de risco”, que tiveram um aumento de 280 milhões de euros dos valores geridos (mais 17,4% que em 2010), “tendência verificada nos últimos nove anos”. Este acrescimento, destaca ainda, está associado “à criação de 20 novos fundos de capital de risco, em que os Programas Operacionais Regionais de Lisboa e do Algarve e o Sistema de Apoio ao Financiamento e Partilha de Risco e Inovação, inseridos no QREN, tiveram um papel determinante”.

A  CMVM realça “a crescente importância do capital de risco no contexto da economia nacional”, com o montante sob gestão a representar, no final do ano passado, “2,64% do PIB a preços correntes (sete vezes mais do que em 2003)”.

Nos fundos de capital de risco, em 2011,  “apenas 10 entidades geriam fundos com dimensão (VLGF – valor líquido global do fundo) superior ao valor líquido global médio de todos os FCR (26,6 milhões de euros)”, sendo que os 18 fundos nestas condições “equivaliam a 83,2% (1,6 mil milhões de euros) do valor sob gestão.

No final do ano passado havia 31 sociedades de capital de risco e 71 fundos de capital de risco em actividade.

Participantes nos fundos de capital de risco

Quanto ao número de participantes, os FCR tinham um total de 466 detentores de unidades de participação das diferentes sociedades gestoras, mais 23% que no final de 2010.

De acordo com o relatório, “uma parte significativa” destes eram entidades residentes (79,8%), particularmente pessoas colectivas (44,6%), sendo sublinhado ainda o facto de o capital de risco “ainda não ser um instrumento difundido pelos particulares residentes (com apenas 72 participantes)”.

Entre as pessoas colectivas – 208 – detentoras de unidades de participação de FCR, no final do ano passado, cinco eram fundos de investimento, 18 eram fundos de capital de risco/sociedades de capital de risco, 11 fundos de pensões, 14 companhias de seguros, 70 instituições de crédito/sociedades financeiras e 90 pertenciam à categoria ‘outros’.