CA Gest: “Será decisivo aliar a flexibilidade de gestão a uma monitorização rigorosa do nível de risco dos portfólios”

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Nuno Coimbra

O segundo semestre de 2015 caraterizar-se-á por uma série de acontecimentos que, certamente, vão marcar o período. Em termos económicos, da CA Gest, entendem que, primeiramente,  “a economia norte-americana deverá recuperar tração na segunda metade do ano depois de um primeiro trimestre particularmente fraco”, pois a “a expectativa de subida de taxas de juro nos EUA tem sido descontada nas curvas de rendimento da zona “core” e a manutenção da atual tendência de subida das “yields” estará dependente da divulgação de bons números naquele bloco”. A previsão da gestora nacional é de que a economia norte-americana “reacelere gradualmente”, dando margem de manobra para que a Fed possa subir os juros na reunião de setembro ou de dezembro.

Monitorizar focos políticos na Europa

Quanto à Europa, na lista de maiores desafios para o período, dizem que para além da “recente normalização das expectativas inflacionistas” está a “incerteza em torno das negociações da Grécia com os credores internacionais”. Como consequência, os prémios de risco têm aumentado. Indicam que apesar do “quantiative easing, da depreciação do euro  e da melhoria de projeções para a região, o crescimento seguirá moderado”, na região. Acrescem as consequências que poderão advir dos processos eleitorais (Portugal e Espanha), mas também “do diferendo entre a Rússia e a comunidade internacional que permanecerá em pano de fundo”.

China e Japão: a abrandar?

Relativamente aos riscos de deflação, entendem que estes, nesta fase, estão “relativamente contidos”, apesar do abrandamento presenciado na economia global, em particular no bloco emergente. No que diz respeito ao Brasil e à Rússia, da CA Gest antecipam uma contração da atividade económica este ano. Quanto à China – que tem merecido tantas apreciações díspares por parte dos profissionais da indústria – é esperado que fique “aquém do target oficial de crescimento de 7%”. Por último, sobre o Japão entendem que “apesar de permanecer uma das geografias preferidas dos gestores de ativos em termos de alocação a ações, refletindo o suporte conferido pelo Banco do Japão e pelo “abenomics”, a verdade é que os números macroeconómicos não têm confirmado a vontade política”.

Embora não constitua o cenário base da gestora, a saída da Grécia da Zona Euro “seria de facto considerado um facto económico surpreendente”. Mas também relativamente à China estão céticos e acreditam que “o  sobreaquecimento do mercado accionista local e a tentativa das autoridades travarem a desaceleração abrupta da economia constituem outros factores de risco a monitorizar na segunda metade do ano”.

Neutrais em ações

Na alocação de ativos a considerar no segundo semestre do ano, indicam que no campo das ações continuam neutrais, “apesar das políticas monetárias a nível global permanecerem regra geral acomodatícias”. Neste campo destacam a preferência pela Europa, pois é “onde os múltiplos de mercado nos parecem razoáveis, existindo também margem para uma melhoria dos resultados operacionais das empresas”.

No domínio das obrigações, a preferência recai sobre a “dívida soberana” em detrimento da dívida empresarial, estando construtivos na periferia europeia. “Apesar da incerteza grega, devemos a médio prazo continuar a presenciar uma normalização dos prémios de risco medidos face à Alemanha”, dizem. Em tom de conclusão referem: “Cremos que nesta envolvente de maior volatilidade, será decisivo aliar a flexibilidade de gestão a uma monitorização rigorosa do nível de risco dos “portfólios””.