‘C’… de ‘C’abrio!

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cedida

Previsão de chuva com rajadas, alerta amarelo e frio… E eu com um agendamento para ensaiar um Cabrio! Ora que pouca sorte…

Levanto o carro já em cima da hora do jantar, noite cerrada e sem ter muito tempo para olhar para ele, pois o vento que se fazia sentir já puxava uns valentes pingos de chuva!

Estando a minha mulher já confortavelmente sentada à frente, convido a minha querida sogra a ser a ‘cobaia’ para experimentar os lugares de trás. Com pouco espaço para abrir a generosa porta do meu lado, aliás um mal comum neste tipo de carro com apenas 2 portas, deslizo facilmente o meu banco para a frente, abrindo espaço para um fácil acesso da senhora ao seu lugar. Primeiro ‘contra’, ou eu não tenho jeito nenhum, ou o banco de regulação parcialmente elétrica não tem efeito de memória levando-me inadvertidamente a deslizar o banco demasiado atrás, quase que entalando os pés da passageira. Para quem não goste da sogra, pode ser uma mais-valia, no meu caso felizmente, é o oposto.

‘E então? Que tal se vai aí atrás?’ À minha pergunta recebi prontamente um feedback muito positivo quanto ao espaço e conforto dos bancos. Como nada foi dito quanto à retidão do encosto para as costas, posso assumir que terei exagerado no meu primeiro juízo visual. Lugares traseiros, check!

Lugares dianteiros? Bancos com excelente suporte, num misto de pele e alcântara, garantem fadiga ‘zero’ em deslocações mais longas ou condução mais inspirada. Portanto, check!

Quanto ao resto do interior, digamos que tinha tudo para ser perfeito… Não fosse um irritante barulho parasita proveniente da parte superior do tablier (vamos acreditar que seria uma situação pontual da unidade ensaiada). Tirando isso, materiais de primeira água e uma robustez de montagem invejável.

Desde há muito acostumado a Cabrios e às correspondentes malas acanhadas e pouco acessíveis, acabo por achar que a deste C Cabrio é assim, desculpem-me a franqueza, a pior! Se é uma verdade que a mala pode variar entre os 285 e os 360 litros dependendo da possibilidade de abrir ou não a capota, o seu acesso é realmente estreito, gerando limitações na hora de escolher as malas.

Numa breve deslocação até ao centro comercial mais próximo, e enquanto procurava um lugar para estacionar, foi facilmente percetível que a estética é um dos pontos fortes deste C220d Cabrio. Esta unidade vinha enriquecida com o pacote exterior AMG e, mesmo não contando com jantes muito grandes (18 polegadas, neste caso), o impacto visual é claramente benéfico. Mais um check!

Arriscando perder em termos de isolamento acústico para alguns dos seus rivais de teto metálico, a Mercedes optou, em boa hora, por dotar este Cabrio de uma capota em lona… Ou melhor, duas! Uma ‘normal’ em preto (disponível nesta unidade) e uma outra com um grau ‘extra’ de isolamento e passível de ser escolhida noutras cores.

E digo em boa hora, pois sou da opinião que do ponto de vista estético sai largamente beneficiado. Portanto, e para quem gosta de transformers, há que procurar mais a sul da Alemanha!

Mas ser bonito não chega e com a subida das velocidades de cruzeiro, começam a transparecer alguns ruídos aerodinâmicos nefastos, provenientes sobretudo do pilar A e da zona da união entre os vidros (onde teoricamente seria o pilar B).

Numa escolha pouco compreensível, este C220d não equipa com o novo 2.0 litros de 194cv estreado no novo classe E, mas antes com o ‘antigo’ 2.1 de 170cv. Apesar do valor de binário máximo ser o mesmo - 400Nm - os dois motores são um mundo de diferença em termos de suavidade, ruído de funcionamento e economia. A caixa automática 9G-Tronic faz um trabalho excelente em manter o motor na sua faixa ideal de rotação, mas o défice de 24cv nota-se… E bem! Todavia, e mesmo com um peso ‘pouco pluma’ superior a 1.700kg, o C220d Cabrio consegue ultrapassar os 230km/h e rubricar de 0-100 em 8.2s.

Os consumos, e desde que se conduza com algum cuidado, podem cair mais para perto dos 6.0l/100, mas sobem para 8/9.0 l/100 com o mesmo ‘desleixo’ de condução com que vi o E220d de 194cv marcar 6.5/7.0 l/100.

Assim que a chuva deu tréguas, aproveitei para rodar a céu aberto, lamentando desde logo a falta de bancos aquecidos numa unidade com um preço já superior a 66.000€. Com o aquecimento a soprar forte e vidros subidos, viajamos bem até velocidades de 100/110km/h, não se notando a ausência de um corta-vento. No entanto, para cruzeiros mais elevados, o efeito back draft torna-se bastante mais evidente, conduzindo à obtenção de um novo e sofisticado penteado ao final de poucos quilómetros. Corta-vento é um must, check!

Graças à presença da opcional suspensão pneumática Airmatic, foram sobretudo relaxantes e tranquilos, os momentos que passei ao volante deste Cabrio, mais talhado para um tipo de cliente mais conservador – que é como quem diz, ‘Senior’ - , que procura classe, alguma exclusividade e conforto, em detrimento de emoções fortes ou comportamento desportivo… para isso existe a versão C63 AMG Cabrio que conto trazer-vos em vídeo, brevemente!

Até lá, desculpem mas tenho que fechar a capota porque começou a chover outra vez….

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