'B’zzzzzz...

Não fossem as generosas inscrições laterais ‘Electric Drive’ e nem mesmo o conjunto retrovisores/aplicações na grelha frontal pintados em azul ‘eléctrico’, seria capaz de ‘denunciar’ este classe B tão especial.

Um olhar mais cuidado ao interior e percebemos que a Mercedes se manteve fiel ao conceito discreto e tranquilo de um ‘B’ tradicional. E não fora o pesponto azul nas costuras dos bancos e tablier, juntamente com um mostrador de potência no lugar habitual do conta rotações, continuaríamos sem suspeitar da ausência de um motor de combustão.

Tratando-se de um Mercedes-Benz, a robustez, rigor e qualidade de construção num patamar difícil de igualar, são sinónimos de difícil dissociação da marca. Por outro lado, tratando-se de um Classe B, encontramos um posto de condução muito agradável, um generoso espaço habitável para 5 ocupantes, mala com perto de 500 litros e beneficiamos ainda de uma excelente visibilidade em todos os sentidos.

Findas as apresentações, passemos aquilo que realmente há de diferente neste B Electric Drive.

Ao contrário de outros veículos eléctricos que já tive hipótese de conduzir, a Mercedes optou, curiosamente, por abdicar de um botão ‘Power ON/OFF’ e manteve o rodar da chave para colocar este B em funcionamento… ou será antes em ‘standby’?

Travão de mão eléctrico desactivado, selector da caixa em ‘D’, pressionamos o acelerador e, a juntar-se ao generoso conforto de rolamento, um silêncio omnipresente, Bzzzzzzzzzzzzz…

Por defeito, arrancamos em modo ‘E’, sendo um de 3 disponíveis. Existe também um modo ‘E+’, que tal como o nome indica, tem como principal objectivo a economia das baterias, acarretando a desvantagem de se sentir uma perda significativa de performance. Contamos ainda com o modo ‘S’ e é neste que tudo se torna mais interessante, mesmo muito interessante!

Os 180cv do motor eléctrico e os 340Nm de binário disponível desde o momento ‘zero’, garantem a este B uma capacidade de aceleração fulgurante, que é capaz de escamotear os mais de 1.700kg de peso com uma aceleração de 0-100 em 7.9s! Mesmo já lançado em velocidade, é possível recuperar dos 80km/h a 120km/h em poucos segundos, esmagando as minhas costas firmemente contra o banco.

‘Surpresa’ acaba por ser a palavra que melhor define a expressão de alguns automobilistas com os quais me cruzei, sempre que se apercebiam dos dotes de ilusionista deste Electric Drive… Agora vês-me, agora já não!

Mas nem tudo são rosas...

A velocidade máxima está limitada a 160km/h e, em modo ‘S’, é um esfregar de olhos enquanto é atingida, o que não deixa de resultar num misto de sensações agridoce... Da mesma forma, se insistimos numa utilização regular do poderio dos 180 ‘electro-equídeos’, algo que também vamos ver esgotar depressa é a carga da bateria, a qual nem por sombras se aproximou dos ‘até 200km’ anunciados pela marca. 

Numa utilização mais criteriosa, sem uso frequente do AC e com uma predominância pelo modo ‘E+’, acredito que seja possível aproximarmo-nos dos 150km.

Uma carga completa em corrente doméstica de 220V não irá custar mais do que o equivalente a €3,00, mas pode demorar até 11h ou, em alternativa, se se optar por uma ‘wallbox’ específica de 16A, cerca de 2h30.

A somar a isto, este Electric Drive tem um preço superior a 43.000€ (47.700€ na versão ensaiada) o que, mesmo assim nem lhe permite autonomia para ir, por exemplo, de Lisboa a Coimbra sem paragens. 

Consciente de que este tipo de veículos será sempre um 2º, ou mesmo 3º carro, um planeamento cuidado sobre a utilização a dar-lhe, não deixa de ser recomendado.

'Contras' à parte, foi sem dúvida alguma, o primeiro veículo 100% eléctrico capaz de me deixar um sorriso de orelha a orelha, sempre que pisei o acelerador no modo mais ‘feroz’. Para além disso, foi particularmente divertido olhar para o ar estarrecidos de outros condutores, porventura questionando-se sobre que AMG tão silencioso era aquele!