Avalanche de regulação cria maior transparência mas retira dinamismo

Uma avalanche de regulação está a mudar o mundo da negociação de valores e começa a afectar a liquidez. E isto pode não ser só o principio. "Uma onda de regulação está a transformar os mercados financeiros, fenómeno que provavelmente resultará num mercado mais transparente, mas menos dinâmico para muitos activos, e em maiores custos para os investidores. Isto já se está a manifestar em alguns mercados de obrigações", é referido no último relatório da BlackRock Investment Institute, no qual se analisam as tendências de liquidez nos mercados e se sugerem estratégias para investir num contextos de menor liquidez.
 
De acordo com este documento, os requisitos de capital de Basileia III e da Regra Volcker, as proibições das vendas a descoberto e dos impostos sobre transacções financeiras, as descidas na classificação de crédito da dívida pública e dos bancos multinacionais e a compensação central de permutas financeiras são os grandes factores que provocam alterações na classe liquidez.

Para enfrentar este desafio, a BlackRock aposta nos mercados de capitais, através de uma nova plataforma de negociação, que trabalha com bancos de investimento para canalizar as obrigações directamente desde os emitentes. "Este modelo foi desenhado para abordar as necessidades dos clientes de novas emissões de obrigações corporativas, permitir a personalização dos produtos e oferecer análise sobre tendências de mercado".

Do mesmo modo, a gestora também é favorável a novos sistemas para aproveitar a liquidez das plataformas de negociação electrónica. "A negociação electrónica está apenas a começar a transformar os mercados de obrigações e divisas", afirma a entidade. Um programa de agentes emergentes centrado em empresas que sejam propriedade de mulheres e grupos minoritários, assim como empresas com um capital regulatório inferior a dois milhões de dólares, e uma câmara de compensação em mercados não organizados, completam a sua estratégia.

Na hora de investir, a gestora recomenda fazer uma recompilação de toda a informação antes da tomada de decisão. "Algumas das melhores ideias de investimento poderão ter que esperar devido a restrições de liquidez", alertam. A BlackRock recomenda também a utilização de derivados cotados, que apesar de não serem perfeitos, não têm problemas de liquidez, logo servem para proteger a carteira. "Por outro lado, os investidores mais orientados para o longo prazo podem tentar tirar vantagem das diferenças de preços entre os valores mobiliários líquidos e outros títulos difíceis de negociar".