Até onde vai indústria europeia de fundos de investimento?

path
hockadilly, Flickr, Creative Commons

A consolidação do sector europeu de fundos de investimento parece estar a começar a bater no fundo. Os dados do último relatório da Lipper Thomson Reuters mostram que a tendência de queda no lançamento de novos fundos - com início após o record de 2010 – diminuiu, já que em 2013 se realizaram praticamente os mesmos lançamentos de produtos do que em 2012. Além disso, o número de fusões e liquidações de fundos também se manteve estável em 2013, face ao ano anterior. Mas avista-se uma possível tendência de mudança. “Apesar do valor líquido dos fundos disponíveis na Europa se continuar a reduzir  em termos globais, no quarto trimestre de 2013 foram lançados mais produtos do que nos trimestres anteriores”, apontam os autores do relatório, Detlef Glow, presidente da Lipper EMEA Research, e Christoph Karg, especialista de conteúdo para Alemanha e Áustria.

Radiografia do sector

Segundo dados da Lipper, no final de 2013 existiam 31.724 fundos de investimento coletivo registados para comercialização na Europa. Com 8.617 fundos domiciliados, o Luxemburgo continua a dominar o mercado europeu, seguido da França (4.797). Por classe de ativos, os fundos de ações continuam a ser os mais numerosos e representam cerca de 37% dos produtos comercializados. Em seguida encontramos os fundos mistos (26%), os fundos de obrigações (22%) e os fundos de mercado monetário (5%). Os 10% restantes (pertencentes à categoria de “outros fundos”) são compostos por fundos imobiliários, fundos que investem em matérias primas, fundos com proteção de capital e hedge funds.

Outro aspecto que o documento destaca é que as somas dos lançamentos, liquidações e fusões de fundos no último trimestre de 2013 refletem tendências muito diferentes entre os fundos do mercado monetário e dos “outros fundos”, onde os encerramentos superaram de forma esmagadora os lançamentos. Os fundos de obrigações e mistos que embora também tenham registado mais liquidações e fusões do que lançamentos no trimestre, oferecem um panorama muito mais sólido.

Perspetivas

Na opinião da Lipper, as maiores exigências regulatórias implicam novos custos para a indústria de fundos de investimento (esta semana o Parlamento Europeu e o Conselho alcançaram um acordo para reformar a diretiva europeia UCITS), pressionado ainda mais as margens.  Para além disso, diversas gestoras veem-se pressionadas pelas exigências de rentabilidade impostas pelas suas matrizes. “Por estas razões, é provável que continue o processo de consolidação à medida que as gestoras reestruturam as suas gamas de produtos, seja em relação às estratégias oferecidas, seja em relação às plataformas de distribuição”, afirmam os autores do relatório. 

No entanto, este contexto de custos maiores, margens menores e fortes exigências de rentabilidade, não implicam necessariamente um abandono da inovação. “Os investidores continuam à espera que se lancem produtos novos e inovadores”, explicam Glow e Karg. “Mas pode ser que, daqui para a frente, estes lançamentos passem a depender mais da procura, do que do impulso do mercado”.