Argumentos que ajudam a eleger entre ações americanas ou europeias

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Killerturnip, Flickr, Creative Commons

Apostar por um fundo de ações europeias ou americanas? Este é o grande dilema de muitos investidores na hora de analisar qual o mercado mais atrativo numa lógica de investimento. Existem argumentos que defendem a conveniência de apostar por qualquer um dos dois. A bolsa americana está em máximos históricos, o que pode confundir o investidor, embora o país se encontre numa situação política e macroeconómica muito mais favorável, com um mercado imobiliário em recuperação, uma taxa de desemprego que tende a reduzir-se, uma política monetária expansionista e uma revolução energética em curso com a exploração do gás de xisto. As ações europeias, pelo contrário, não alcançaram máximos, o que comparativamente aos Estados Unidos dá a perceção de estarem mais baratas. No entanto a situação económica é muito mais débil. A Europa caminha em direção da recuperação, como têm demonstrado os melhores resultados das empresas e as economias periféricas começam a dar sinais de estabilização. Assim sendo, o que escolher?

 

Na J.P.Morgan AM, por exemplo, estão longos nos dois mercados e de forma praticamente igual. Mas a eleger um, a sua aposta seria o JPM Europe Equity Plus Fund por duas razões: o enquadramento macro está a melhorar, tanto nos países core como na periferia, e porque as valorizações são, em termos relativos, mais atrativas.

 

Da Pioneer Investments consideram uma clara oportunidade de investimento a que oferece o mercado acionista dos países desenvolvidos. Se tivessem que escolher um dos mercados, seria o europeu. Os motivos? “Valorizações atrativas, solidez financeira das empresas (aumento de margens e redução da dívida) e atrativa rendibilidade por dividendo”. O fundo de investimento eleito pela casa é o Pioneer Funds–European Equity Target Income, produto gerido por Karl Huber. Investe em empresas europeias que distribuam dividendos, com o objetivo de poder distribuir um rendimento anual ao participante de forma semestral. 

 

A grande atratividade da Europa

Na Franklin Templeton preferem deixar o investidor escolher. O fundo de acções que a gestora mais vende é um de ações europeias, o Franklin European Growth. “Apesar das valorizações já não serem as de 2009, na Europa existem grandes empresas que ainda estão abaixo do seu justo valor”, afirma o gestor do fundo. Na mesma linha pronunciam-se os especialistas da UBS Global AM, entidade que, neste caso, deixa muito clara a sua opção por ações europeias ao apontar diretamente o UBS (Lux) Equity SICAV-European Opportunity Unconstrained, fundo com posições longas e curtas. Na BlackRock têm claro que “olhando para valorizações e a dividendos que oferecem no presente a escolha recai sobre as ações europeias, mais atrativas que a maioria das clases de ativos, como as ações americanas ou asiáticas ou os tradicionais mercados de obrigações”, explicou Andreas Zollinger, cogestor del BGF European Equity Income Fund.

 

A aposta nestes momentos da Deutsche Asset & Wealth Management também é Europa, mercado ao que sobreponderam por duas razões: a primeira, porque o momento para os resultados das empresas é mais favorável que nos Estados Unidos devido ao facto de estar em níveis similares aos de princípios de 2009-2010, quando do outro lado do Atlântico as ações ultrapassam largamente os níveis recorde. A segunda, porque o mercado acionista europeu está a cotar com um desconto de 30% relativamente ao americano e de 15% face à média dos últimos 15 anos. Segundo explica Juan Barriobero, responsável por ações da DeAWM, isto poderá originar uma mudança de direção dos fluxos dos Estados Unidos para a Europa. “Deve ter-se em conta que desde 2007 saíram 100.000 milhões de dólares do mercado acionista europeu, dinheiro que pode agora voltar a entrar, e que a subida de 85% registada pelas ações europeias dos mínimos de março de 2009 está, contudo, longe da valorização registada nos Estados Unidos (166%). A grande aposta da gestora é o DWS Invest Top Euroland.

 

Na Amundi também se mostram positivos em ações europeias, classe que continuam a favorecer face às ações americanas dada a sua melhor valorização (está cotada, segundo os cálculos da entidade com um desconto entre os 20% e 25%), melhor momentum (o crescimento económico na Europa é menor que nos Estados Unidos mas está a acelerar-se mais rapidamente) e a subponderação que afeta esta classe de ativos nas carteiras. “Após o forte rally registado desde o início do ano, nas ações europeias, especialmente depois do final de junho, não esperamos que a sua evolução continue a subir a este ritmo, se bem que os países periféricos, sobretudo, deverão beneficiar-se do facto de disporem de mais tempo para alcançar o objetivo do défice máximo de 3% e do claro apoio do BCE, que poderá pôr em cima da mesa condições mais acomodatícias. A recomendação vai para o Amundi Funds Equity Europe Select.

 

Os encantos americanos

Apesar de na Schroders também verem valor nas bolsas europeias, o mercado acionista americano é o favorito da equipa de multiativos a nível estratégico da gestora. Segundo explica Carla Bergareche, diretora geral para Ibéria da entidade, “a agressiva política aplicada pela Fed nos últimos dois anos definiu as bases de crescimento da economia americana. A melhoria do mercado imobiliário, um sistema financeiro sólido, inovação, crescimento das receitas das empresas e uma economia competitiva são as razões que asseguram um crescimento sustentável”. Apesar disto, Bergareche reconhece que no curto prazo podem existir momentos de volatilidade devido a assuntos como a subida do teto da dívida. A diretora geral para Iberia da Schroders considera que os fundamentais refletem um cenário positivo para ações no médio/longo prazo, pelo que eventuais correções podem dar origem a oportunidades interessantes. O fundo estrela da gestora é o Schroder ISF US Large Cap, fundo com um track record de mais de 20 anos.