Antecipação das eleições gregas: eventos políticos ainda exercem poder nos mercados

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HarlanH, Flickr, Creative Commons

Foi uma surpresa para muitos. O atual governo grego antecipou as eleições presidenciais de fevereiro de 2015, para o próximo dia 17 de dezembro. Na reação que a J.P. Morgan Asset Management emitiu sobre este tema, a gestora indica que os mercados foram céleres a reagir. A bolsa de Atenas afundou 13% após o anúncio, enquanto as yields das obrigações governamentais a 10 anos caíram 94 pontos base.

A gestora alerta sobre a possibilidade de algum partido anti-austeridade ganhar margem de manobra no país, podendo a Grécia ser conduzida a sair da moeda única. Ainda que a J.P. Morgan não se incline para esta hipótese, lembra que os “investidores europeus não estão indiferentes a esta possibilidade”.

Porquê agora a antecipação das eleições

Na opinião da entidade, o primeiro-ministro grego entende provavelmente que as eleições ao acontecerem antes das negociações com a troika terminarem, “podem aumentar as suas chances de ficar no poder”.  No entanto, uma recente sondagem de um jornal grego mostra que o Syriza ultrapassa a Nova Democracia em 28,6% contra 25,5% dos votos, enquanto 39% dos questionados escolhem o líder do Syriza, Alex Tsipras, como preferido para assumir o cargo de primeiro-ministro.

Até as eleições estarem de facto completas, o mais preocupante, dizem, é o período de incerteza que o país enfrentará. Se o Syriza ganhar serão “mais as questões do que as respostas”. 

Consequências para os investidores

Como já dito, no universo de investimento “esta eleição será sinónimo de uma incerteza que permanecerá  no mercado grego durante algum tempo”. Da J.P. Morgan AM assinalam que “embora a situação possa causar volatilidade nos mercados europeus em geral”, acreditam que “os maiores estragos serão sentidos nos detentores de ações e de dívida grega”.

Seja qual for o desfecho a presente situação, serve, pelo menos, para lembrar que “as forças políticas ainda têm poder para alterar os mercados europeus”. Desta forma, “os riscos políticos para a Europa em 2015 são ainda mais densos do que eram em 2010 e em 2011”, concluem.