Acontecerá em setembro a subida de taxas nos EUA? Gestoras internacionais comentam

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United States Government Work, Flickr, Creative Commons

A Fed voltou a dar sinais de que a subida das taxas de juro no país pode estar para breve. Embora se possa perceber - a partir das informações referentes à última reunião do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) - que a precaução continua a fazer parte do discurso da autoridade, desta vez foram dados sinais de que a economia pode estar forte o suficiente para suportar uma subida das taxas em breve.

Lendo nas entrelinhas do discurso da Fed, Rick Rieder, responsável pela área de investimento de obrigações da BlackRock, entende que “os ajustes feitos no discurso comparativamente com o último são sinónimo de que a Fed está a reconhecer que os recentes dados sobre o crescimento económico são mais fortes do que as informações surpreendentemente brandas acerca da economia no primeiro trimestre do ano”.

Economia forte, mas....

No entanto, o discurso quase “dá de um lado, para tirar do outro”. Rieder salienta que embora o texto da Fed dê conta de uma economia “significativamente mais positiva do que a salientada no discurso de abril”, não deixam de destacar que “os negócios com investimento fixo e as exportações líquidas continuam em níveis moderados”.

Na perspetiva de Lisa Homby, portfolio manager de obrigações norte-americanas da Schroders, o discurso proferido pela Fed foi de reconhecimento “da natureza transitória da fraqueza dos dados no primeiro trimestre, afirmando expectativas de um crescimento moderado do PIB para breve”.

De ambas as gestoras chega portanto a ideia de que as condições estão alinhadas para que a subida das taxa diretora possa acontecer muito em breve. “O mercado de trabalho chegou ao ponto mais forte das duas últimas décadas, os ganhos salariais e a inflação parecem estar a seguir o caminho esperado, e a Fed tem uma janela de oportunidade para começar a desviar-se das condições políticas de emergência, para aos poucos começar a normalizar os níveis das taxas”, refere Rieder.

Em termos de datas também existe consenso entre a Schroders e a BlackRock. “Continuamos acreditar que o aumento das taxas de juro ocorrerá na reunião de setembro”, perspetiva Lisa Homby, mas também Rick Rieder, que apesar de ver como provável esta data, concorda com Yellen num ponto em específico. “O timing de subida das taxas de juro é menos importante do que a trajetória de mudança da taxa”, diz o especialista da BlackRock, citando a presidente da Fed.

Perspetiva para os ativos financeiros

Perante este cenário, Lisa Homby, ao nível dos investimentos, acredita que "devido a um período longo de uma política monetária acomodatícia, é de esperar que os ativos de maior risco registem um bom desempenho, e que a curva das yields continue inclinada".