Acolher a tecnologia nas decisões de investimento

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krheesy, Flickr, Creative Commons

“Nós, como seres humanos que somos, acolhemos a tecnologia”. É esta a frase que se destaca da introdução de Javier Rodriguez-Alarcón, responsável pela equipa de Quantitative Investment Strategies, num pequeno almoço organizado pela Goldman Sachs AM com investidores, em Lisboa. Na sua versão completa, o que o especialista verdadeiramente quer dizer é que o ser humano gosta da tecnologia, mas “no que toca o dinheiro, ainda resiste um pouco à mudança”.

No contexto da apresentação da gama GS CORE da casa de investimentos norte-americana, Javier salientou o crescimento exponencial do volume de informação e a presença cada vez mais universal em redes sociais. “O criador da Intel, Gordon Moore previu que o poder dos microprocessadores duplicaria a cada 18 meses”, destacou, numa referência àquela que é conhecida como a lei de Moore. Com tal evolução e capacidade de processamento e análise de informação, o enorme volume de informação dispersa e desorganizada, pode assim começar a ser interpretada e utilizada para suportar decisões de investimento. “O ser humano tem uma capacidade limitada para interpretar e analisar informação, e quanto maior o acesso a informação organizada melhores as conclusões e melhores as decisões”,destaca o profissional.

 Para Javier, o que a equipa CORE está a fazer “pode parecer muito futurístico, mas em 3 ou 5 anos, grande parte dos investidores estarão a fazer o mesmo, considerando que não há outra forma de acompanhar o ritmo da informação”. “Ao analisar uma empresa, tentamos prever a evolução do negócio, onde e como vai crescer, entre muitos outros factores, mas como validamos essas intuições? Um forma é esperar pelas demonstrações financeiras, ou seja, esperar pelas declarações da administração das empresas. Outra forma é identificar as mudanças de comportamento dos clientes, observando, por exemplo, o tráfego dos websites, medindo o número de visitas, quantas páginas são vistas, durante quanto tempo e em que regiões se encontram os visitantes”, explica Javier.

Um dos sistemas da equipa CORE permite ler e interpretar informação organizada, nomeadamente em texto, através de um processo de processamento de linguagem natural que permite utilizar computadores para identificar expressões ou palavras que possam indicar mudanças no sentimento do mercado e dos analistas relativamente a uma determinada empresa. “A capacidade de processamento evoluiu de tal maneira que o sistema tem a habilidade de encontrar não só essas palavras e expressões, mas também ler ‘entre linhas’ e interpretar se um relatório está mais bearish ou bullish. O algoritmo está de tal maneira sofisticado, que pode inclusive, aprender o estilo de cada analista que escreve o relatório e identificar assim um sinal avançado que possa levar a um movimento de preço”, explica. 

No entanto, a interpretação de dados para suportar decisões de investimento não vem sem os seus desafios. O profissional falou, por exemplo, da qualidade de informação: “Fala-se que o governo chinês tem estado muito ativo na internet, a publicar tweets que possam mudar comportamentos e  desviar a atenção de tópicos muito sensíveis para o país”. No entanto, o maior desafio passa pela proteção de dados e regulação de privacidade: “Hoje em dia a informação é recolhida e armazenada por empresas às quais damos autorização para que utilize essa informação, em troca de serviços sociais ou de e-mail, por exemplo, motivando-nos a partilhar a informação”. Nestes casos há uma acordo de partilha, em que o indivíduo cede informação em troca de um serviço, mas Javier é peremptório ao afirmar que “a questão é se o que recebemos vale mais do que o que abdicamos, e os reguladores estão atentos”.

Resumindo, num universo de investimento de mais de 10.000 ações de empresas, a equipa de gestão da gama de fundos de ações CORE da Goldman Sachs capitaliza na exponencialidade da capacidade de processamento para treinar computadores para ler milhares de transcrições de apresentações de resultados e relatórios de contas, identificando tendências, mudanças de sentimento e interligações entre diferentes entidades para suportar decisões de investimentos mais fundamentadas. Sistematizar as ideias de investimento num score e organizá-las num ranking permite à equipa identificar os melhores ativos para incluir em carteira e ponderá-los de acordo com o risco. Trabalhando a partir de Nova York, falamos de uma equipa composta por 170 profissionais, dos quais 40 técnicos, 20 traders e os restantes dedicados ao desenvolvimento dos modelos quantitativos sobre os quais cimentam a construção da carteira. As estratégias da gama CORE da Goldman Sachs proporcionam acesso a um portfólio de ações globais, europeias, ações de empresas de pequena capitalização do mercado norte-americanas ou europeu, mercados emergentes e ações dos EUA. Este último, o GS US CORE Equity Portfolio é um fundo classificado com selo Consistente Funds People.