Começámos a preferir as ações value

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TRIBUNA de Raimundo Martín, diretor geral da Mirabaud Asset Management para Portugal, Espanha e América Latina. Comentário patrocinado pela Mirabaud Asset Management.

No mês de fevereiro, na Mirabaud mantivemos a sobreponderação as obrigações norte-americanas que tínhamos iniciado no dia seguinte às eleições presidenciais norte-americanas. E fizemo-lo porque, ainda que as valorizações observadas nos Estados Unidos sejam historicamente elevadas, não nos parecem, de todo, excessivas em relação às europeias, especialmente se tivermos em atenção as diferenças setoriais entre os índices europeus e os norte-americanos.

Vemos como as revisões de lucros líquidos continuam orientadas para uma subida, com um crescimento superior aos 10% previstos para 2017 e, ao contrário do que aconteceu em 2015 e 2016, não prevemos que exista uma queda deste ponto durante o ano. Além disso, a subida de lucros líquidos nos Estados Unidos vê-se sustentada pelos projetos de baixa de impostos para as empresas, entre 15% e 20%; o crescimento nominal do PIB em 4% em 2017; e a recuperação – significativa – dos setores vinculados a matérias-primas e a valores financeiros.

Se nos centrarmos na Europa, dentro da nossa alocação abrimos uma clara preferência a favor das ações value, caracterizadas por um preço inferior ao seu valor intrínseco medido segundo o valor contabilístico, um rácio preço-lucro inferior à média e uma rentabilidade por dividendo elevada.

Antes de 2016, este estilo de investimento viveu um período de brilho ténue por causa da fraca atividade económica, ambiente de taxas de juro baixas e riscos regulatórios que afetaram as entidades financeiras e, em particular, o setor bancário. Em 2017, a elevação da curva das taxas de juro e a recuperação da atividade económica irão sustentar os setores financeiros e as empresas cíclicas.