A visão da Caixagest para 2014

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Maximo Garcia

A Caixagest lidera na indústria portuguesa da gestão de ativos com cerca de 3,2 mil milhões de euros sob gestão, de acordo com dados de novembro publicados pela APFIPP.  Para o ano que agora começamos, impõe-se a pergunta "em que classes de ativos investir? Ações, obrigações, commodities, moedas?"

Luís Saraiva Martins, administrador da Caixagest, responde à Funds People Portugal dizendo que "o ambiente económico global de recuperação de crescimento económico para 2014, deverá, num futuro próximo, sobrepor-se às atuais preocupações dos investidores com a retirada dos estímulos monetários (tapering) por parte da Reserva Federal Norte-Americana (FED). Esta mudança fornecerá a base de suporte da performance positiva para os mercados acionistas globais. E o crescimento económico global será transposto para os números de crescimento de resultados das empresas, uma importante base de sustentação das cotações acionistas".

Já nas obrigações, o especialista refere que "a atratividade é cada vez menor, e a mudança de política da FED, com a previsível retirada dos estímulos monetários, bem como os níveis baixos de inflação nos EUA, deixam antever uma rendibilidade desinteressante para esta classe de ativos". Segundo o especialista as “yields (taxas de rendibilidade) de empresas não financeiras de rating Investment grade estão em níveis mínimos históricos” sendo “muito vulneráveis a possíveis subidas de taxas de juro que possam ocorrer em Obrigações de Governos e com spreads de crédito em níveis muito baixos e que não oferecem  proteção contra subidas de taxas de juro”, diz.

Desta forma, Luís Saraiva Martins reforça que, por outro lado, “as obrigações da zona High Yield oferecem uma compensação pelo risco incorrido muito mais interessante, com um elevado carry e potencial beneficio do ambiente de recuperação económica em curso”.

Moedas e Commodities

No que diz respeito às moedas, o administrador da Caixagest considera a aposta na subida do dólar contra o euro “especialmente atrativa”, já que dado o “o ponto atual das taxas de juro nos EUA, onde se espera uma gradual subida, em resposta à aceleração de crescimento económico previsto, face à situação vivida na europa, em que as taxas de juro de curto prazo estão ainda numa fase de recente descida e receios de deflação poderão afetar negativamente o valor do Euro”.

Em relação às commodities, Luís Saraiva Martins relembra que 2013 foi “um ano fortemente negativo para o investimento nesta classe de ativos”, e desta forma, em 2014 “não se antevê uma performance muito interessante ou com uma tendência definida”. Por isso, o especialista avisa que “as decisões de investimento e desinvestimento deverão ser tomadas numa ótica oportunista e de curto prazo, ao longo do ano”.

Onde investir em ações?

Contrariamente a algumas opiniões, Luís Saraiva Martins considera como geografias mais interessantes para o investimento em ações “os Mercados Emergentes, o Japão e em menor grau a Europa”. Para o administrador da Caixagest, “nos mercados emergentes as valorizações fundamentais são muito atrativas, com as empresas a cotar com forte desconto face aos seus pares dos mercados desenvolvidos”. No Japão, o especialista considera que “as empresas cotadas irão beneficiar da desvalorização que deverá ocorrer no iene, bem como da previsível recuperação da procura interna”. A Europa surge como um mercado “negativamente impactado pelo elevado nível da sua moeda  (euro), mas com valorizações equilibradas, e ainda potencialmente a beneficiar da retoma económica prevista para 2014”.

Para Luís Saraiva Martins a região menos interessante para o investimento em ações são os EUA, “dadas as exigentes valorizações que as suas empresas apresentam, apesar dos seus fortes dados fundamentais (crescimento do negócio e margens resilientes)”.